quarta-feira, 18 de março de 2009

CHARLES DARWIN - 200 ANOS


Este é o ano em que Charles Robert Darwin completaria 200 anos.
Charles Darwin foi um naturalista britânico, autor do livro "A Origem das Espécies", um dos livros mais importantes da história da Biologia, publicado pela primeira vez em 24 de novembro de 1859, gerando muita controvérsia pela sua teoria da Seleção Natural.
Entre as maiores polêmicas envolvendo o darwinismo está a eugenia, interpretação equivocada feita por muitos cientistas, ainda no século 19, trocando a expressão "sobrevivência do mais apto", cunhada por Darwin, ao se referir ao mundo animal, pela "sobrevivência do mais capaz", no sentido de força, defendida pelo primo do naturalista, Francis Galton, e pelo filósofo inglês Herbert Spencer, transpondo a teoria para o foco social ao propor a criação de uma raça nórdica superior. Esse pensamento, décadas depois, embasaria barbáries lideradas por Adolf Hitler, no Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial.

As Universidades do mundo todo realizam palestras e exposições comemorativas.


Exposição em Porto Alegre

Exposição: (R) Evolução de Darwin
Onde: Museu de Ciências e Tecnologia (MCT), com réplica do navio Beagle
Período: de 24 de março a 30 de dezembro
Informações: (51) 3320-3697 ou www.pucrs.br/mct

Palestras com entrada franca:
Onde: Teatro da PUCRS ou auditório do prédio 50, às 18h30min


Christiane Nüsslein-Volhard (Universidade Tübingen, Alemanha) - A evolução e seu impacto no pensamento científico - 18 de março

Ana Carolina Regner (Unisinos) - A origem das espécies - 28 de abril

Eduardo Cruz (PUCSP) Evolucionismo e criacionismo - 26 de maio

José Roberto Goldim (PUCRS/UFRGS) - A atualidade da discussão sobre eugenia - 25 de agosto

Christian Illies (Univ. Bamberg, Alemanha) Darwin como metafísico: reflexões filosóficas - 29 de setembro

Eduardo Eizirik (PUCRS) - Biodiversidade e evolução - 27 de outubro

segunda-feira, 16 de março de 2009

HOMEOPATIA - Individualização do doente

Os sintomas traduzem a reação individual do doente. Tôda doença, "desacôrdo dinâmico da fôrça que anima virtualmente o corpo do homem", é individual e se explica pela universalidade, pelo conjunto de sintomas, que reunidos, têm sua importância, pois a imagem da doença "é a totalidade dos sintomas que caracterizam o caso presente". cada forma clínica é, ao mesmo tempo, uma forma terapêutica.

Quando se procura um remédio homeopático específico, isto é, ao se comparar o conjunto dos sinais da doença natural com as séries de sintomas dos medicamentos bem conhecidos, para encontrar entre estes, uma fôrça morbífica artificial, semelhante ao mal natural, cuja cura está em questão, é preciso, sobretudo e quase exclusivamente, atentar para os sintomas evidentes, singulares, extraordinários e característicos, porque é, principalmente, a estes últimos, que devem corresponder sintomas semelhantes na série daqueles que nascem do medicamento que se procura, para que êste seja o remédio, cujo auxílio convirá melhor no processo de tratamento. Pelo contrário, os sintomas gerais e vagos, como a falta de apetite, dor de cabeça, fraqueza, sono agitado, indisposição etc., merecem pouca atenção, porque quase tôdas as doenças e quase todos os medicamentos produzem algo análogo.(Hahnemann, Expositión de la doctrine médicale homéopathique, Paris, Baillière, 1845. in Vannier Pierre A Homeopatia Difusão Européia do Livro SP, 1960).

domingo, 15 de março de 2009

JOÃO PEDRO GAY - CONEGO GAY (1815-1891) Homeopatia no Rio Grande do Sul


O Cônego João Pedro Gay nasceu na cidade de Grenoble, na França em 20 de novembro de 1815.Terminou o curso de Ciências Eclesiásticas no Seminário de Gap e foi ordenado presbítero em julho de 1840, na diocese de Gap e depois foi nomeado Vigário.Obteve licença para vir ao Brasil, e no Rio de Janeiro, exerceu suas funções sacerdotais, o magistério particular e dedicou-se ao estudo da medicina no Instituto Homeopático do Brasil, que lhe conferiu a “faculdade de exercer livremente a medicina de Hahnemann no país.”Seguiu para o Rio Grande do Sul e a 24 de fevereiro de 1850 foi empossado em São Borja, como vigário.Aproveitando seus conhecimentos de medicina e visando benefícios para a população pobre de sua paróquia, solicitou e obteve permissão do governo provincial para a abertura “ de um laboratório homeopático”.No decênio de 1850 conviveu em São Borja, com o sábio botânico francês Aimé Bompland que aí há muito, havia fixado residência.Aimé Bompland era formado em medicina e na velha cidade missioneira abrira uma farmácia e clinicava.Em 1862 apresentou o Cônego Gay ao Instituto Histórico Geográfico Brasileiro a “História da República Jesuítica do Paraguai”, que lhe valeu a eleição para sócio dessa benemérita instituição cultural.Foi testemunha da invasão paraguaia de 1865. É, pois, de alto valor o seu depoimento relato fiel e minucioso dos acontecimentos da dita invasão. Permaneceu em São Borja, durante 24 anos, indo depois para Uruguaiana, onde veio a falecer em 10 de maio de 1891.
Deixou o Cônego Gay os seguintes estudos, além de grande número de artigos em jornais e mais de duzentos sermões:


* Itinerário resumido da viagem que acaba de fazer embarcado no rio Uruguai, desde a foz que nele faz o rio Passo Fundo até o Passo de São Borja, o sr. Joaquim Antônio de Morais Dutra, navegando 150 léguas no mesmo Uruguai, navegação em metade desconhecida até agora. Publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, tomo 21.

* Tratado de Teologia Moral.Os originais foram entregues em 1862, ao bispo do Rio de Janeiro, Conde de Irajá.
* História da República Jesuítica do Paraguai, desde o descobrimento do Rio da Prata até nossos dias, ano de 1861. Essa obra foi entregue pelo autor, em 1862 ao IHGB e publicada também na Revista do IHGB .tomo 26. Foi feita uma seperata.Em 1942 foi feita por ordem do Dr. Getúlio Vargas a Segunda edição portuguesa pelo historiador Dr. Rodolfo Garcia diretor da Biblioteca Nacional.

*Invasão Paraguaia na Fronteira Brasileira do Uruguai, desde seu princípio até o fim (de 10 de junho a 18 de setembro de 1865). Publicada primeiramente no Jornal do Comercio do Rio de Janeiro e depois pela Tipografia Imperial Constitucional, de J. Villeneuve & Cia. , 1867 Rio de Janeiro.

*Nouvelle Grammaire de la Langue Guarany et Tupy. Manuscrito original de 155págs.
*Manuel de conversation en français, portugais, espagnol et guarany. Manuscrito Original, 200 págs.
*Notice sur les derniers annés de la vie du naturaliste Mr. Aimé Bompland, sur as mort, et son heritage scientifique. Rio de Janeiro, 1861.
* Compêndio de História Natural. (Cit. De Sacramento Blacke.)

* Petit Vocabulaire de la langue des Bougres Couronnés ( Manuscrito original no IHGB)Além dos trabalhos citados, tinha o vigário de São Borja outros em conclusão que o vandalismo dos invasores inutilizou juntamente com a sua preciosa biblioteca, uma coleção de pedras e produtos esquisitos da natureza, alguns dos quais estiveram na Exposição Nacional do Rio de Janeiro em 1861 e um pequeno herbário de plantas das Missões que o vigário vinha formando desde 1862.


Referência:GAY, Conego João Pedro, Invasão Paraguaia 1980 Instituto Estadual do Livro UCS.
Biblioteca do Estado do Rio Grande do Sul.

Homeopatia - Lei da Similitude

Escreve Hahnemann (1) :
"O medicamento que, agindo sobre homens sadios, pôde produzir o maior número de sintomas semelhantes aos da doença, cujo tratamento é proposto, na realidade possui também, quando é empregado em doses suficientemente atenuadas, a faculdade de destruir, de uma maneira rápida, radical e durável, a universalidade dos sintomas desse caso mórbido, isto é, a doença inteiramente presente; todos os medicamentos curam as doenças cujos sintomas se aproximam, o mais possível, dos sintomas por êles provocados."

(1) Hahnemann, Exposition de la doctrine médicale homéopathique, Paris, Baillière, 1845.

sábado, 14 de março de 2009

Henrique Grazziotin Gazzana -Autor do texto do espetáculo Som e Luz de São Miguel das Missões


Henrique Grazziotin Gazzana n.18/01/1955 em Caxias do Sul f. 28/08/1995 em Porto Alegre concluiu o curso de medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1980. Filho do médico Darwin Gazzana e de Anna Jaquerina Grazziotin Gazzana. Henrique graduou-se também em Letras pela UFRGS, concluindo o mestrado em Letras em 1989. Henrique é o autor do texto do espetáculo Som e Luz de São Miguel das Missões.
Bibliografia:
A preocupação de Riobaldo - Um estudo sôbre a função do trabalho em Grande Sertão Veredas. Tese de mestrado em Letras 1989 UFRGS.
Texto do Espetáculo Som e Luz de São Miguel das Missões.

A história dos Sete Povos é contada através do Espetáculo de Som e Luz há 27 anos, é apresentado diariamente ao anoitecer no Sítio Arqueológico São Miguel Arcanjo em São Miguel das Missões.O espetáculo narra em 48 minutos o nascimento, o desenvolvimento e o fim da civilização criada no Rio Grande do Sul por Jesuítas e Índios Guarani. A produção e a direção geral do espetáculo é de Darvin Gazzana, o texto de Henrique Gazzana e as vozes que contam a história são dos atores Paulo Gracindo, Lima Duarte, Armando Bógus, Fernanda Montenegro, Maria Fernanda, Juca de Oliveira e Rolandro Boldrin. (Prefeitura de S. Miguel das Missoes)

"TERRA: Quem vem lá? Quem vem lá profanar minha ondulante pradaria?
Estrela, gritos de dor cristalizados pelo infinito vazio desta celeste cobertura.
Testemunhas dos dolorosos massacres daquelas dias em que
a insegurança e o ódio arrancaram-me do dorso a melhor comunidade que em mim germinou.
Ah estrelas, vento irmão, afastai o novo intruso.
RUÍNAS: Um momento vos pedimos, calmo leito sôbre o qual repousamos há tanto tempo, fecunda terra que manteve e tornou fortes nossos bravos construtores.
Amiga terra, berço e sepultura, nós ruínas desgastadas, estaremos dentro em breve confundidas com o lodo em vosso ventre. Antes, porém, atendei!
Permite que estes estranhos que voltam a passear aqui, sem a mesma graça, é claro, dos antigos guaranis, saibam o que foi feito àquele povo tão belo.
Que os estranhos aqui presentes, pelos motivos mais diversos do mais leviano ao mais penetrante, dividam conosco a mágoa universal de ter assistido a um massacre no qual o inimigo colonialista, por cobiça, raiva e inveja moralista, matou com tiro de lança o legítimo habitante destes campos, os braços construtores desta igreja.
Libertai, serena terra, o espírito de um povo cuja história épica encerra verdades que servem de novo.
Os estranhos ora atentos com seus olhos assustados, podem ser talvez isentos da culpa dos crimes aqui consumados. Mas já que vieram aqui, devem ouvir nos ventos a verdade que encerrais: como foram arrasados vossos filhos, nossos pais, os tranquilos Guaranis...."(trecho do contexto do Espetáculo Som e Luz - IPHAN)

quinta-feira, 12 de março de 2009

PATRIMONIO HISTÓRICO DEPREDADO

Recebi este texto do Dr. Ben Hur Dala Porta, e achei importante publicá-lo:
Em 12/03/2009 20:17, bdporta@uol.com.br escreveu:
Colegas e cidadãos: O Patrimonio Histórico Brasileiro continua sendo violentamente usurpado. Chegou a vez do Monumento a Joaquim Murtinho, na sede da Liga Homeopática do RS, ser depredado. Provavelmente na noite de 09/03/09 o medalhão de bronze do monumento foi roubado do jardim da Liga. O Monumento a Joaquim Murtinho foi inaugurado junto com a sede da Liga em 1952, por ocasião do IVº Congresso Brasileiro de Homeopatia, com discurso do dr. Abrahão Brickmann, médico homeopata paulista. Com isto, o último monumento à homeopatia no RS (ainda mantido intacto por encontrar-se no interior do jardim gradeado da sede da Liga) foi violado. Vivemos a "década da destruição" conforme definição do historiador de arte José Francisco Alves, estudioso da escultura pública de Porto Alegre. Neste primeiro decênio do século XXI grande parte do patrimonio histórico do municipio foi depredado através de roubos e pixações. Resta- nos lavrar a ocorrência e trazer a público a triste notícia do tempo em que vivemos... Ben-Hur Dalla Porta - presidente da LHRS"Quem não conhece a história de sua cidade, que é parte de sua própria história, não é um cidadão. É um hóspede." Francisco Riopardense de Macedo

quarta-feira, 11 de março de 2009

AIMÉ BONPLAND




BONPLAND, Aimé.
La Rochelle (França), 28 ago. 1773 – Corrientes (Argentina), 11 maio 1858. Médico e naturalista, foi companheiro de Humboldt em sua viagem de exploração do continente americano, viagem que durou 5 anos incluindo os países Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Brasil, América Central, México e Estados Unidos. Nessa viagem, recolheu e desenhou as plantas de cerca de seis mil espécies, com a descrição de suas propriedades. Instalou-se em Corrientes e foi prisioneiro-hóspede do ditador Francia, no Paraguai. Viveu por vinte e um anos em São Borja em pequena propriedade rural às margens do Rio Uruguai. Aí exerceu a Medicina, cultivou plantas, criou ovelhas Merino, fez incursões científicas e se absteve de envolvimento na Guerra dos Farrapos. Entusiasta do cultivo da erva-mate, procurou interessar o Presidente da Província, General Andrea, na plantação de bosques planejados da erva. Tais planos a serem desenvolvidos na área de Santa Cruz – Rio Pardo foram prejudicados pela utilização das terras quando da chegada de novos colonos alemães. Deixou ricos diários, correspondência e observações de grande interesse. Retirou-se do Brasil já envelhecido e faleceu na Argentina aos 85 anos de idade. Foi biografado em diferentes línguas.
A localidade de Santa Ana, onde Aimé Bonpland morreu, é hoje em sua homenagem conhecida como Bonpland, imortalizando assim na toponímia da região onde escolheu viver o nome do grande botânico e explorador, relembrado pela sua sabedoria, humildade e bondade.
Bonpland é também recordado na toponímia da Tierra del Fuego, onde no Departamento de Ushuaia, na latitude 54º 55' S e longitude 66º 00' W, foi dado o nome de Rio Bonpland a um curso de água que nasce na Sierra Noguera e desagua na parte noroeste da Baía Aguirre, nas imediações da povoação de Puerto Español. O nome foi dado pelo aventureiro romeno Julius Popper, que durante alguns anos dos finais do século XIX foi de facto governante daquela região.
O gênero Bonplandia da família das Polemoniaceae foi nomeado em sua honra pelo amigo Antonio José Cavanilles em 1800. Esse gênero apresenta três espécies encontradas no México.
Também em sua honra foi dado o nome de Cratera Bonpland a uma das crateras da Lua.
2. Publicações
1811. Recueil d'observations de zoologie et d'anatomie comparée rédigé avec Alexander Humboldt, Imprimerie J.H. Stone, Paris. Versión sitio Gallica
1813. Description des plantes rares cultivées à Malmaison et à Navarre par Aimé Bonpland. Imprimerie P. Didot l'aîné, Paris. Dedicado por Aimé Bonpland a la emperatriz Joséphine. Version numérique sur le site botanicus et Version de las ilustraciones sitio BIUM
1815. Nova genera et species plantarum reeditado con Alexander Humboldt & Karl Sigismund Kunth, vol. 1, Lutetiae Parisiorum, Paris. Versión sitio Botanicus
1816. Monographie des Melastomacées comprenant toutes les plantes de cet ordre y compris les Rhexies, vol. 1, Paris
1817. Nova genera et species plantarum reeditado con Alexander Humboldt & K S Kunth, vol. 2, Lutetiae Parisiorum, Paris. Versión sitio Botanicus
1818. Nova genera et species plantarum reeditado con Alexander Humboldt & K S Kunth, vol. 3, Lutetiae Parisiorum, Paris. Versión sitio Botanicus
1820. Nova genera et species plantarum reeditado con Alexander Humboldt & K S Kunth, vol. 4, Lutetiae Parisiorum, Paris. Versión sitio Botanicus
1821 Nova genera et species plantarum reeditado con Alexander Humboldt & K S Kunth, vol. 5, Lutetiae Parisiorum, Paris. Versión sitio Botanicus
1823. Nova genera et species plantarum reeditado con Alexander Humboldt & K S Kunth, vol. 6, Lutetiae Parisiorum, Paris. Versión sitio Botanicus
1823. Monographie des Melastomacées comprenant toutes les plantes de cet ordre y compris les Rhexies, vol. 2, Paris
1825. Nova genera et species plantarum reeditado con Alexander Humboldt & K S Kunth, vol. 7, Lutetiae Parisiorum, Paris. Versión sitio Botanicus
Referências: MUHM Biografias
http://wapedia.mobi/pt/AimBonpland

segunda-feira, 9 de março de 2009

PRECURSORES DA HOMEOPATIA -O SÉCULO XVII




Ainda que as idéias de Paracelso permaneçam veladas por dois séculos, sua luz é suficiente para esclarecer alguns grandes homens. O gênio de Galileu e de Descartes dominam o século, que será chamado o século da objetividade. A medicina submete-se ao contrôle experimental, precedendo a estudos de anatomia, e de fisiologia. Harvey, em 1628, descobre a circulação sangüinea. Os princípios de similitude e infinitesimalidade são defendidos por Crollius, em sua obra: " La Royale Chimie", de 1608. Kircher(1602-1680) publica em 1644: "Le Monde souterrain", obra dedicada ao Papa Alexandre III, na qual estuda os venenos e os remédios "a chave universal da simpatia e da antipatia".

É Van Helmont (1577-1644) que constrói uma teoria fisiológica onde encontramos que toda alteração do equilíbrio fisiológico pode acarretar uma alteração orgânica secundária, o que significa que a alteração da função antecede a alteração do órgão.

Sydenham(1624-1689) baseado na tradição hipocrática, estuda a constituição e os temperamentos, e a importância das reações naturais.
Stahl(1660-1734) conhece a lei da analogia e estabelece a explicação físico-química da vida.
É Hoffmann(1660-1742) um dos que mais se aproxima da Homeopatia. Sua fisiologia é alicerçada nas noções do tono orgânico, regulado por um fluído nervoso. A modificação desse tono, para amis ou para menos, leva à doença. A medicina baseia-se no raciocínio e na experiência( idéia que será desenvolvida de modo magistral por Claude Bernard).
Hoffmann, assim como tantos outros, incluindo Hipócrates, encontra-se diante dessa noção de equilíbrio, aquém ou além do qual a terapêutica deixa de ser a mesma.
Fotos: 1-Hoffmann 2- Van Helmont
Fonte: Vannier Pierre A Homeopatia Difusão Européia do Livro SP 1960

V CONGRESSO PAULISTA DE HISTÓRIA DA MEDICINA



V CONGRESSO PAULISTA DE HISTÓRIA DA MEDICINA Ribeirão Preto – SP - 18 a 21 de junho de 2009
Alguns dos temas que serão apresentados
CAFÉ FILOSÓFICO: A AÇÃO DA SELEÇÃO NATURAL NA ESPÉCIE HUMANA EM DECORRÊNCIA DA ASSISTÊNCIA MÉDICA (situação na qual a sobrevivência de um indivíduo não depende apenas das suas características genéticas)Fábio de Melo Sene
A MEDICINA NA REVOLUÇÃO PAULISTA DE 1932Jorge Michalany
MÚSICA E MEDICINAIzao Carneiro Soares
TEMAS LIVRESEnvie seu tema livre até 30/04/2009

domingo, 8 de março de 2009

HOMEOPATAS DO RIO GRANDE DO SUL



SOUZA SOARES, José Álvares de (Visconde de Souza Soares).
Vairão, Portugal, 24 fev. 1846 – Pelotas, RS. Diplomado em Medicina. Médico e industrialista, Pelotas. Diretor do Almanaque da Família, Pelotas, desde sua fundação, em 1891.
Souza Soares foi o fundador da Farmácia Homeopática Rio-Grandense, a primeira farmácia da cidade de Pelotas, no ano de 1874, que ficou conhecida por fabricar o Peitoral de Cambará, a partir da planta brasileira de mesmo nome, e que foi sucesso no tratamento das bronquites.
Ele inaugurou, em 1883, o parque Pelotense, mais tarde chamado Parque Souza Soares, onde funcionou mais tarde o Laboratório.
BIBLIOGRAFIA: Auxílio Homeopático ou o Médico em Casa, Pelotas (5 edições, a última de Pelotas, 1905). Presente de Ouro, informações úteis, conselhos e descrições. O Novo Médico. Novo Guia Homeopático.


FAGUNDES, Édison Barcellos.
Bragança, SP, 24 maio 1893. F.: Albino Fagundes e Corina Barcellos Fagundes. Est. no Ginásio Polotense, Pelotas, a partir de 1903. Médico homeopata por muitos anos em Pelotas. Médico chefe do Posto de Higiene do DES em Getúlio Vargas, RS, 1943. Membro da Soc. de Med. Hahnemaniana do RS.
BIBLIOGRAFIA: Homeopatia, tese de doutoramento, P. Alegre, 1914. Comprimidos, humorismo, Echenique e cia., Pelotas, 1925.

BITTENCOURT, José Bernardino da Cunha.
Porto Alegre, RS, 3 jan. 1827 – Porto Alegre, 25 nov. 1901. F.: Manoel da Cunha Bittencourt e Maria Bernardina dos Santos Bittencourt. Diplomado em Med. Homeopática pela Fac. de Med. do Rio de Janeiro em 1849. Revisor do Correio Mercantil, Rio de Janeiro, 1846. Médico do Hospital da Marinha, id. Deputado à Assembléia Provincial do RS, 1852-1867. Deputado à Assembléia Geral do Império, 1869-1872 e 1878. Médico da Beneficência Portuguesa, P. Alegre. Pertenceu ao Partido Conservador. Cavaleiro da Ordem da Rosa. Foi da Soc. do Teatrinho, P. Alegre, como amador teatral que era àquela época. Deve-se-lhe a criação da Escola Normal em P. Alegre.

BIBLIOGRAFIA: Algumas Considerações sobre o Clima e suas Influências sobre os Operados, tese de doutoramento, Rio de Janeiro, Tip. do Arquivo Médico, 1849. Discursos Pronunciados na Assembléia Provincial nas Sessões de 6 e 27 dez. 1866, P. Alegre, 1867.

sábado, 7 de março de 2009

JOSÉ EMYGDIO RODRIGUES GALHARDO (1876 -1942 )




José Emigdio Rodrigues Galhardo - Rio de Janeiro- Autor do livro INICIAÇÃO HOMEOPÁTICA, obra de divulgação da doutrina Homeopática, que traz no primeiro capítulo, a mais completa biografia de Samuel Hahnneman.

Galhardo foi presidente do Instituto Hahnemaniano do Brasil no período de 1924 a 1927, e professor de Clínica Terapêutica Homeopática na Escola de Medicina e Cirurgia desse Instituto.
O Dr Galhardo conferiu aos Annaes de Medicina Homeopática do Instituto Hahnemaniano do Brasil, uma fase de grande produção e de características técnicas de boa qualidade.

Diversos foram os artigos publicados, sendo de inestimável valor histórico os informes e relatórios sobre o Primeiro Congresso Brasileiro de Homeopatia, promovido pelo IHB e realizado no Rio de Janeiro de 25 a 30 de setembro de 1926. É notificado que neste congresso o IHB criou a Liga Homoeopathica Brasileira.

MONUMENTO ERIGIDO NA CIDADE DE WASHINGTON EM HOMENAGEM A SAMUEL HAHNEMANN


O monumento foi inaugurado em 21 de junho de 1900.

No pedestal da estátua de Samuel Hahnemann está inscrito "SIMILIA SIMILIBUS CURENTUR."

Outras inscrições que aparecem, familiares aos discípulos de Hahnemann, são as seguintes:"AUDI SAPERE" "NON INUTILIS VIXI" "DIE MILDE MATCH IST GROSS" e "IN OMNIBUS CARITAS".

Na porção superior, no nicho acima da estátua, há um desenho em mosaico colorido das folhas e flores da planta cinchona.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A NOITE DA MINHA TERRA -CALDRE FIÃO

Fugiu do dia a brancura,
Chega a noite em sombra envolta,
Traz no aspecto a feiúra,
Traz a negra trança solta;
Não vem garbosa e toucada
Das estrelas rutilantes
Espalhar pelos amantes
Prazeres de enamorada

O janeiro se entristece
Sem luz para refletir
No jardim a flor fenece
Não vê-se o campo sorrir;
Aqui é tudo tristeza
Quando vem da noite a face
Não goza do amor enlace
A tristonha natureza.

Mas lá no meu Porto Alegre
Como és, noite graciosa!
Lá tu não tens quem te regre
Com matina ruidosa
A hora do alevantar:
Podes com doce alegria
O poder do curto dia
Sobre a terra disputar.

Em teus braços a natura
La gosta bem de brincar,
E na tua formosura
Sua face retratar.
Como corre ameno o rio
Copiando o arvoredo
Quando tu por um brinquedo
Tens com Vênus desafio!

Como aqui es poeirosa,
Abafada e sem primor
Não sabes da amante ansiosa
Favorecer doce amor?
Lá quando frios ventilam
Desabridos Minuanos
Fere amor sem fazer danos
Os corações que vacilam.

Teu véu de graça deixaste
Nos morros da minha terra,
Lá onde,amiga brincaste,
Com os pinheiros da serra?
Teus raios de luz sutil
O Guaiba os recolheu?
Aqui tens a cor do breu
E lá tens a cor do anil.

Lá deixaste as baforagens
Da rosa e dos alecrins
Do Caí nas doces margens
Perfumadas de jasmins?
La deixaste as cantorias,
E tocatas primorosas
Que em horas silenciosas
Nos enchiam de harmonias?

Oh deixaste!...E indo há pouco
Lá no céu do meu país
Da palmeira amaste o coco,
Foste soberba e feliz!
Viste as fontes de cristal,
Sussurro dos pessegueiros,
Os mal-me-queres rasteiros
Co'a cor do rico metal.

Viste elegante a Matriz
Da minha linda cidade
Viste o alto que se diz
Da Bronze e a Caridade;
Tu Viste o "Caminho Novo"
De sarandins todo orlado,
"De Belas Caminho"amado
Pelo bom gosto do povo.

Quanto és boa oh doce amiga!
Lá no tempo do verão!
Minorar n'água a fadiga
P'ra o Riacho todos vão.
A tua luz que ali cai
Em ondas toda se espraia,
Não há divisa nem raia
Para a gente que lá vai.

Aqui de nuvens coberta
Não dás o menor prazer,
Não há uma flor aberta
Que perfume o teu viver.
Na Niterói decantada
Sempre triste te encontrei!
Que não amas eu bem sei
A terra do sol queimada!

Como é que nestes ardores
Podes viçosa existir!
Para os meus e teus amores
Vamos sozinhos fugir?
Oh, que vamos! Eu bem sei
Que vais lá graças ganhar,
E eu alegre saudar
A terra que tanto amei

Aqui estás triste em degredo,
E lá tens a cor do céu!
Daqui me leva em segredo
Embrulhado no teu veu,
Que o não saibam estas gentes
Senão quando eu lá me achar,
Pois nem eu nem tu estar
Podemos aqui contentes.

Rio de Janeiro, 20 de novembro de 1845
José Antonio do Vale

A DIVINA PASTORA - CALDRE FIÃO - HOMEOPATA E ROMANCISTA







A DIVINA PASTORA Novela Rio-Grandense - JOSÉ ANTONIO DO VALE CALDRE E FIÃO
Publicado por José Antonio do Vale Caldre e Fião, em 1847, no Rio de Janeiro, A Divina Pastora é o segundo romance na história da literatura brasileira. Dele, porém, não se conhecia um só exemplar, pois todos os da primeira edição desapareceram misteriosamente, com o que a obra se transformou num dos maiores enigmas da nossa história cultural. Depois de 145 anos de inúteis esforços de bibliófilos e pesquisadores, finalmente, em 1992, o livreiro Adão Fernando Monquelat, de Pelotas, localizou em Montevidéu, Uruguai, o único exemplar até hoje conhecido de A Divina Pastora, que foi reeditado pela RBS, em 1992.
Ao publicar a Divina Pastora, em 1847, o escritor Caldre e Fião mantinha acesa a chama do seu amor pelo Rio Grande do Sul. Aí ele delineia o contexto das aventuras narradas: entre a vila de São Leopoldo e a cidade de Porto Alegre, passando por Viamão para cruzar o passo da Cavalhada no rumo de Belém Velho. O leitor interessado em reviver a Porto Alegrer de 1845 aí encontraraá matéria vasta, dos toponímios desaparecidos ao registro dos hábitos sociais.
Pouco antes, em 1844, Joaquim Manoel de Macedo, nas páginas de A Moreninha, tentara tìmidamente esboçar a paisagem carioca, que só alcançara contornos definitivos, bem mais tarde na ficção de Manoel Antonio de Almeida e no romance urbano de Machado de Assis. Caldre e fião é o primeiro de nossos autores, que faz as suas criaturas pisarem num território desde logo inconfundível: aquele labirinto de vielas mal traçadas que constitui a Porto Alegre provinciana ou, o cenário rural dos arredores. Configura, pois , a marca legítima do romance brasileiro, empenhado na identificação e nomeação do espaço circundante, instrumento indispensável ao conhacimento da nossa realidade de país novo. Compreende-se assim por que os românticos saíram em busca das paisagens e seus vultos típicos para desenhar a identidade nacional. Seus territórios preferenciais localizaram-se nas selvas habitadas pelo índio primitivo, no garimpo, nas grandes propriedades agrárias, no sertão (motivo obsessivo de Alencar em diante) e, por fim, na sociedade incipientemente burguesa do Rio de Janeiro de Dom Pedro II. Caldre e Fião antecedeu-os, apresentando, já em 1847, a sua “novela rio-grandense”. A intriga está centralizada em Édélia ( a divina pastora), donzela belíssima e virtuosa, apaixonada por seu primo Almênio, bravo guerreiro farroupilha que, irá casar com Clarinda, filha de imigrantes alemães no Vale dos Sinos. Atormentando a vida de todos, aparece Francisco, protótipo do vilão. É preciso entender que Caldre e Fião pertence a uma tradição que em seus dias, já lançara raízes profundas na literatura ocidental – a tradição do “folhetim”. Foi assim que o romance moderno, gênero burguês por excelência, se estabeleceu através das páginas dos jornais europeus. Tratava-se de narrar uma sequência de aventuras em sucessão episódica, cuja leitura podia ser feita capítulo a capítulo, independentemente do resultado final. Via de regra, cada episódio correspondia a um “ rodapé “ do jornal em que o romance era publicado.
O que importa é registrar o ingresso do “gaúcho” na ficção brasileira, em 1847 pela mão de Caldre e Fião. O bravo Almênio, protagonista de A Divina Pastora surge como o antecedente de Blau Nunes, Cambarás e Amarais. Almênio é um guerrilheiro farroupilha, que coloca sua juventude e bravura indômita a serviço da Revolução de 1835, separatista e republicana. Na trama do romance, esta questão desempenha um papel decisivo, pois é exatamente a adesão às forças insurrectas que provoca a repulsa de sua prima Edélia – a “divina pastora”. Este é o recurso manejado pelo narrador para inserir sua posição política na malha dos eventos narrados. Sob a sua perspectiva conservadora, a revolução se apresenta como sinônimo de desordem. O horror de Edélia à causa revolucionária vem a ser no fundo o horror do próprio Caldre e Fião. Finalmente convencido da ilegalidade da República de Piratini, Almênio troca de lado, passando ao exército imperial e provocando uma reversão na atitude de Edélia. Mas então já era tarde demais; ele prometeu casamento à bela Clarinda. Embora constituindo a crônica do amor contrariado, Caldre e Fião projeta a narrativa num contexto histórico real: a “Grande Revolução, que deflagrada em 1835, só concluirá na década seguinte em 1845,apenas dois anos antes da publicação da “Divina Pastora”! O romance de Caldre e Fião é essencialmente romance histórico, porque trata de fatos candentes sobre os quais pouquíssimos ousavam falar, as brasas ainda acesas sob uma camada de cinza fina. Seja qual for o nosso grau de adesão às suas idéias políticas, o fundamental é que elas aí estão expostas com meridiana clareza, buscando interpretar honestamente a sociedade e a conjuntura que a mergulhara numa grave crise. ( De “ Um texto Resgatado” do Prof. Flavio Loureiro Chaves titular de Literatura Brasileira da UFRGS – que acompanha a edição da RBS em 1992)
BIBLIOGRAFIA DE CALDRE E FIÃO
*Elementos de farmácia homeopática para uso da Escolas de Medicina Homeopática do Rio de Janeiro e da curiosa mocidade brasileira e portuguesa que quiser estudar este ramo da ciência médica. Rio de Janeiro, Tipografia Brasiliense de F.M. Ferreira, 1846.
*Enciclopédia dos conhecimentos úteis. Rio de Janeiro, s. Ed.,1846.
*A Divina Pastora ( Novela rio-grandense) Rio de Janeiro, Tipografia Brasiliense de F. M. Ferreira, 1847. 2 tomos
*Elogio dramático ao faustosíssimo batizado do Príncipe Imperial Dom Pedro, augustíssimo herdeiro do sólio do Brasil; oferecido ao Senhor D. Pedro II. Rio de Janeiro, Tipografia M. da Silva Lima, 1848.
*Ramalhete poético dos excelentes versos recitados na Bahia, por ocasião de ali se achar e representar o insigne artista brasileiro João Caetano dos Santos. Rio de Janeiro, Tipografia Fluminense de Rego & Cia., 1848.
*O Corsário. (Romance rio-grandense). Rio de Janeiro, Tipografia Filantrópica, 1851. (Este romance foi publicado em folhetins no jornal O Americano, do Rio de Janeiro, apartir de 1849.
*Considerações sobre os três pontos dados pela faculdade de Medicina do Rio de Janeiro : 1 - Quais as condições para que a água seja potável? Meio de reconhecer o ferro nas águas ferruginosas quais os estados em que ele se acha 2) Versão e evolução espontânea. 3)Heterogenia. Tese. Rio de Janeiro, 1851.

TRAÇOS BIOGRÁFICOS DE CALDRE E FIÂO
José Antonio do Vale nasceu em Porto Alegre, a 15 de outubro de 1821. Bem mais tarde, em fins de 1849, ele acrescentaria ao nome de família os apelidos Caldre e Fião, com raízes na toponímia lusitana
Órfão de pai antes de completar dois anos de idade – é quase tudo o que se sabe a respeito de sua infância. Em 1837, José Antonio do Vale, então aos 16 anos de idade, requereu e foi admitido como “auxiliar da botica da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre” Sua permanência aí não chegou a um ano, despedido devido à chegada de novo boticário do Rio de Janeiro. Pouco se sabe de sua biografia no período compreendido entre 1837, quando era aprendiz de boticário em Porto Alegre, e 1846, ano em que as atividades que vinha desenvolvendo, no Rio de Janeiro, já o haviam projetado nos meios onde se praticava, difundia e ensinava o sistema terapêutico estabelecido por Hahnemann. Foi quando publicou “ Elementos de Farmácia Homeopática para uso da Escola de Medicina Homeopática do Rio de Janeiro e da curiosa mocidade brasileira e portuguesa que quiser estudar este ramo da ciência médica”. Ao lançar esse primeiro trabalho, editado no Rio de Janeiro, Tipografia Brasiliense, Rua do Sabão, 117. O jovem autor já era detentor dos seguintes títulos: Membro do Instituto Homeopático do Brasil, fundador e membro efetivo do Liceu Médico-Homeopático, lente substituto de Farmácia da mesma Escola, redator-chefe da Enciclopédia dos Conhecimentos Utéis. Submetido ao Dr. Bento Mure, homeopata francês então residindo no Rio de Janeiro e apontado como propagador e apóstolo da doutrina de Hahnemann, o trabalho foi aprovado, sendo lhe dedicado pelo autor. Não se dispõe de elementos comprobatórios de que tenha cursado a Escola Hahnemaniana de Medicina, fundada em 1844, apenas dois anos antes da publicação dos “Elementos de Farmácia Homeopática”.
Dedicou-se intensamente ao abolicionismo, fundando e dirigindo o jornal “O Filantropo” entre 1849 e 185, no Rio de Janeiro. Foi membro da Sociedade contra o Tráfico de Africanos e Promotora da Colonização e Civilização dos Indígenas, da qual foi um dos fundadores em 1850. Foi um dos fundadores da Sociedade Partenon Literário e deputado pelo partido Liberal Progressista em 1855.
Embora entregue à prática da medicina, desde sua chegada ao Rio Grande do Sul, ele ainda não se fizera notar no exercício da clínica. A situação começaria a mudar, por ocasião do novo surto epidêmico de cólera que se abateria sobre Porto Alegre de março a dezembro de 1867. Foi aí que a figura do Dr Caldre e Fião tomou vulto. Esta página de Aquiles Porto Alegre serve como ilustração ao assunto: “A noite, na embocadura das ruas e praças, enormes fogueiras, alimentadas pelo alcatrão, davam ao povoado uma aparência sinistra, como se um medonho incêndio lavrasse, ao mesmo tempo em diversos poontoa. E ainda para mais vivamente impressionar o espírito já abatido da população, ouvia-se de quando em quando, o ranger da grilheta dos encarcerados que cruzavam as ruas, conduzindo em padiolas as vítimas da peste. E esse som áspero e penetrante, quebrando o silêncio das horas mortas da noite, ressoava tristemente como dobres de finados. E, à luz apavorante das labaredas das fogueiras, que ardiam nas ruas desertas e silenciosas, via-se passar, apressado, ao lado de um ou outro. O Dr. Caldre e Fião, para ir socorrer os atacados da epidemia, sobre cujas cabeças ele espalmava as asas do seu carinho e da sua caridade infinita.”

TUBERCULINUM - relato de um caso


Este caso está relatado no livro Homeopatia, Escritos menores, aforismos y preceptos de James T. Kent.

"Me trouxeram ao consultório um menino de três anos para ser tratado de adenóides. Tinha uma história com antecedentes de vários falecidos por tuberculose pelo lado paterno. Depois de um cuidadoso e longo interrogatório, a mãe persistiu em ocultar o estado mental do menino. Parecia envergonhar-se de revelar seus sintomas mentais. Veio à minha mente provar seu estado com Tuberculinum Bovinum, já que havia uma desordem em sua história e havia visto várias vezes com este remédio, curar adenóides que seguem a tal antecedente. Então com dificuldade coloquei um "papelzinho" do mesmo sôbre a lingua do menino. Ele recusava a tirar a língua ou abrir a boca. A mãe tentou persuadí-lo para que abrisse a boca. Veio então o momento em que o menino se mostrou a si mesmo.

Se pôs violentamente colérico, seus olhos se tornaram vidrosos, parecia como se fôsse ter uma convulsão, tentou cuspir a dose, se voltou para sua mãe e disse "Vou matar-te, quando volte para casa, vou matar-te." Então a mãe foi persuadida a relatar a disposição do menino e seus sintomas mentais. Disse que eram incapazes de governa-lo ou convence-lo a fazer algo que ele não quisesse. Podia ter uma crise de cólera e ameaçar matar a seu pai ou a sua mãe e podia chegar a botar espuma pela boca, se tentassem força-lo a obedecer uma ordem.

Enquanto estava em meu consultório, a mãe o forçou a abrir a boca, e a dose de Tuberc. 10M foi colocada sôbre sua lingua. Quatro semanas depois foi dada outra dose de 10M e mais tarde a 50M. Pouco depois de um mês, o menino começou a mudar, e se tornou suave e obediente. As adenóides desapareceram completamente em três meses. O menino tem agora dez anos e não necessitou de outro medicamento."
"A lei é completa e perfeita, nosso conhecimento acerca de sua amplitude e utilidade é incompleta e imperfeita. A lei é fixa, nossa escola deve progredir". KENT
JAMES TYLER KENT - nasceu em Woodhull, New York em 31 de março de 1849, e faleceu em Stevensville, Montana, em 6 de junho de 1916.
Autor de: REPERTORY OF THE HOMEOPATIC MATERIA MEDICA - 1877
HOMEOPATIC PHILOSOPHY - 1900
LECTURES ON HOMEOPATIC MATERIA MEDICA - 1905.
* Foi Kent que preconizou as dinamizações muito altas e consideradas pelos franceses "misteriosas", a saber as 200; 500; 1000; 10.000; 100.000 e 500.000.

O FUNDADOR DA HOMEOPATIA -HAHNEMANN - 1755-1843




Nascido a 10 de abril de 1755, em Meissen, no Saxe, Samuel Hahnemann, cujo pai era pintor na manufatura Real de Porcelana, educou-se num ambiente de honestidade e trabalho.

Devido às dificuldades materiais, só conseguiu prosseguir na Escola Real de Saint-Afra, graças a uma bolsa de estudos que seu professor Dr. Muller, de conivência com sua mãe, consegue obter do rei. Hahnemann dedica-se silenciosamente a seus estudos e termina brilhantemente seu curso escolar com uma dissertação sôbre A curiosa construção da mão.

Com 20 anos de idade, chega a Leipzig com a intenção de estudar medicina, e para obter seu sustento, durante a noite, traduz obras francesas e inglesas.Em 10 de agosto de 1779, em Erlangen, defende sua tese de doutoramento: Considerações etiológicas e terapêuticas sôbre as afecções espasmódicas.

Exerce a medicina, primeiramente, em Hettsteedt, em 1780 e depois em Dessau. Certamente, faz sangrias, indica lavagens, distribui drogas, de acordo com a terapêutica de então; porém, cada vez mais, fica convencido da inutilidade de seus tratamentos. Dedicou-se também aos estudos de quimica e de mineralogia, como Paracelso havia feito; e, com o farmacêutico Haeseler, familiariza-se com o preparo dos remédios.

Conhece, então a filha adotiva de Haeseler, Henriqueta Kuchler, com quem casa em 1783. As peregrinações continuarão cada vez mais frequentes. Em 1784, vamos encontra-lo em Dresden, onde se avista com Lavoisier que está revolucionando a química. Parece que consegue alguma clientela, e procura aperfeiçoar seus conhecimentos médicos frequentando os hospitais. Mas essa tentativa é vã, e depois de quatro anos atormentado por angústias, parte para Leipzig em 1789.

Eis que súbitamente decide não mais exercer a medicina tal como lhe ensinaram. Para assegurar meios de subsistencia para os seus, volta às suas antigas ocupações de tradutor científico.Refugia-se no estudo dos antigos: Hipócrates, os árabes, Paracelso,e, mais próximos dele, Van Helmont, Stahl, Haller, que publicou em Basiléia em 1771, sua Farmacopéia Helvética.

Na Europa, os enciclopedistas abandonaram definitivamente, em suas pesquisas científicas, os métodos que dependiam da teologia e da escolástica. Apegam-se à observação dos fenômenos naturais, ao exame objetivo dos fatos. A astronomia, a física, a química e as ciências naturais, realizam imensos progressos. À essa revolução, Hahnemann traz a sua contribuição na terapêutica.Fica obsedado pela intuição de que existe um meio de cura simples e desconhecido.
Em 1790, com 35 anos de idade, em Stoetteritz, ao traduzir a Matéria Médica de Cullen, choca-se com a descrição das propriedades da quinquina e com a incoerência das explicações que a ela são dadas. Decide experimentar a ação da quinquina sôbre si mesmo. Com esse intuito, toma, durante vários dias, fortes doses, ressentindo, em seguida, os sintomas de um estado febril intermitente, idêntico às febres que, precisamente são curadas pela quinina. Escreve, em face de seu exemplo: " As substâncias que provocam uma espécie de febre, cortam as diversas formas de febre intermitente". Com fervor, repete a experiência consigo mesmo, com pessoas de suas relações, estendendo-a ao mercúrio, à beladona e à digital. Verificando sempre uma resposta concorde, ele defronta a antiga lei da similitude. Doravante, o caminho certo está traçado à sua frente. Em 1796, cria a homeopatia.
É, em 14 de maio dêsse mesmo ano, que Jenner, após 20 anos de pesquisas e reflexões, faz, em Berkeley, a experiência decisiva que exporá em 1798. Um menino chamado Phipps, diz êle, foi inoculado no braço pela substância retirada de uma pústula formada no braço de uma jovem contaminada pelas vacas de seu patrão... Em seguida, inocularam a varíola nesse menino; de acôrdo com as minhas previsões, a varíola não se reproduziu nele.
Ao mesmo tempo, assistia-se à descoberta da vacina antivariólica e da homeopatia, ambas obedecendo, ainda que de modos diferentes, aos antigos princípios da analogia.
Hahnemann, em 1810, publica a Exposição da Doutrina Homeopática: Organon da Arte de Curar. depois, de 1811 a 1821, aparece a publicação de A Materia Médica Pura, seguida do Tratado das Moléstias Crônicas, em 1828. Consagra-se ao estudo das reações naturais do homem são, do homem doente, ao estudo dos remédios, e reaviva os métodos hipocráticos. Funda a homeopatia baseado na lei de similitude, na individualização do doente e do remédio.
Cria a experimentação sistemática sôbre o homem são e descobre o poder dos remédios diluídos.
( A Homeopatia Pierre VANNIER Difusão Européia do Livro, São Paulo, 1960)

domingo, 1 de março de 2009

LICINIO CARDOSO O MATEMÁTICO HOMEOPATA



LICINIO ATANAZIO CARDOZO -- “ O MATEMATICO “

Na pequena vila de Lavras , Rio Grande do Sul hoje municipio de Lavras do Sul em 02 de maio de 1852, nasceu Licinio Atanazio Cardozo, no mesmo dia em que nasceu Santo Atanazio em Alexandria.
Filho de Vicente Xavier Cardoso, homeopata prático que ficando viúvo, foi servir na Guerra do Paraguai, vivia , Licínio Cardoso com os outros cinco irmãos, na casa de uma tia.De origem humilde, exerceu vários ofícios tendo inclusive ajudado a construir a Igreja de Lavras. De inteligencia privilegiada, seu sonho era ampliar os seus horizontes.
Convidado por um naturalista que fora conhecer a região de Lavras atraido pelas riqueza auríferas das quais muito se falava, e após ter o consentimento de seu avô que reconhecia sua inteligencia e sabia de seu sonho de buscar instrução em um centro maior, partiu,viajando dias e dias a cavalo rumo ao Rio de Janeiro.Lá chegando, foi abandonado pelo naturalista seu protetor, mas, graças às cartas que lhe dera o Barão do Cerro Formoso para pessoas influentes do Império, consegue a matricula almejada na Escola Militar. Sem vocação para a carreira das armas, sabia que encontraria no programa da Escola Militar o que exigiam seus pendores para as matemáticas.Em 1874, conclui o curso preparatório da Escola Militar; Em 1878, termina o curso do Estado Maior, promovido à segundo Tenente e classificado no primeiro batalhão de artilharia; Em 1879, conclui o curso de engenharia militar;Em fevereiro de 1885 foi promovido a Capitão e em 1886 nomeado para coordenar o ensino do curso preparatório.
Em 1876 criou-se a Sociedade Positivista do Brasil, sendo Benjamim Constant, um de seus sócios fundadores.
Na Escola Militar, encontrou Benjamin, o melhor de seus discipulos, em Licinio Cardoso.
Voltado inteiramente para as Ciencias positivas, Licinio Cardoso estudou, assimilou, meditou e reverenciou Augusto Comte. Em Ciencias matemáticas, aproximou-se Licinio Cardoso de Leibnitz, o descobridor do cálculo infinitesimal...Da obra de Augusto Comte, Licinio Cardoso aceitava”o que lhe parecia conforme com a doutrina que assimilara através do conjunto da obra do mestre...”Essa independencia de espirito em relação ao filósofo, manifestou-se em um de seus primeiros trabalhos “A Classificação de Ciencias”. Ocuparam-se em classificar as ciencias, Aristóteles, Bacon, Ampère, Descartes, Augusto Comte, Herbert Spencer e outros mais. Entre nós, apareceu a çlassificaçãode Licinio Cardoso, precedendo trabalhos no mesmo sentido, realizados sucessivamente por Nerval de Gouvea, Farias Brito, Liberato Bittencourt, Sylvio Romero Jonathas Serrano e Tristão de Athayde.
De Licinio Cardoso, a classificação data de 1879, publicada na revista da “ Sociedade Phenix Literária.”Fica assim constituida a escala hierárquica das ciencias fundamentais:
Matemática abstrata- Analise
Matemática concreta- Geometria
Mecanica
Fisica
Quimica
Biologia
Frenologia
Sociologia
Antroponomia ( conhecimento das leis particulares que presidem ao exercicio das funções do corpo humano)
Matemático, Licinio Cardoso considerou as dimensões do espaço : “ uma realização parcial de infinitas possibilidades”( Preito a Samuel Hahnemann p.35)
Trabalhos publicados como Matemático (Professor da Escola Militar e da Escola Politecnica)
“ Um caso da Igualdade dos Triangulos” revista da Academia da Escola Militar 1885
“Teoria Elementar do Máximo e do Mínimo”Revista Academica da Escola Militar 1885
“Teoria Elementar das Funções” 1885
“Teoria da rotação dos corpos” 1887
“A verdadeira estatica na mecanica”Revista da Escokla Politecnica do RJ 1897
“Equações diferenciais da mecanica” revista dos cursos da Escola Politecnica do RJ 1909
“Condição Geral da existencia da função de forças” revista da Sociedade Brasileira de Ciencias do RJ- 1920

( foto: Einstein na Escola Politécnica do RJ-1925)
“Relatividade Imaginária” – O Jornal – 16 maio 1925 (Artigo polêmico publicado após a visita que Einstein fez ao Brasil nesse ano de 1925. O artigo traz o seguinte comentário sobre o livro de Einstein “La théorie de la relativité restreinte et generalisée”. “A cada página, pode-se dizer,da obra, eu encontrava proposições análogas: umas confundindo o objetivo com o subjetivo, outras afirmando coisas de impossível realização, outras estabelecendo conceitos elementaríssimos e velhos como se fossem novos(...) Demonstrei que o professor Einstein,confundindo os pontos de vists abstrato e concreto, toma por objetivo o que é subjetivo e vice-versa e não distingue entre ciência abstrata e relações particulares das existencias concretas.”(in: Moreira e Videira,p.131)
O Médico Homeopata – Aos 43 anos de idade, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. “A concepção da Medicina” foi a sua tese de doutorado que foi aprovada com distinção. No dia 23 de janeiro de 1900, tornou-se doutor em medicina. O jornal Gazeta de Noticias publicou: “É o sexto matemático que se apresenta sustentando a medicina homeopata; o primeiro foi o Conselheiro Meirelles, o segundo o falecido Dr. Pedro Bandeira de Gouvea; o terceiro o Dr. Joaquim Murtinho; o quarto o Dr. Faria Junior; o quinto o Dr. Nerval de Gouvea e finalmente o sexto o Dr. Licinio Cardoso. Matemáticos que se fizeram médicos, atraídos pela ciencia das doses infinitesimais.” Pouco tempo depois, Saturnino Cardoso, oficial do exército, fazia-se também médico homeopata.” Com o espírito afeito aos métodos indutivo e dedutivo, tendem esses cientistas para a medicina que se baseia na observação, comparação e experimentação, para essa terapêutica que, em sua concepção unitária da moléstia, é complexa e abstrata.”
“Ninguém terá dúvidas-disse Licinio Cardoso num de seus trabalhos sobre a ciencia do filósofo de Meissen, em reconhecer as qualidades de permanencia que revestem os caracteres da medicina hahnemanianna, que é instituida sobre as leis naturais pertencentes a esse tipo no qual as fórmulas subjetivas traduzem a realidade absoluta. As leis de Kepler, de Galileu, de Huyghens, de Newton, que servem de base à mecanica e que são casos particulares das leis universais da persistencia, da coexistencia e da equivalência, sòmente por Augusto Comte formuladas, são as mesmas que edificam, no domínio biológico, os fundamentos da nossa terapêutica” (Jose Emidio Galhardo- Iniciação homeopática p.157)
Nestas citações, onde estão enunciadas as bases da terapeutica homeopata, é fácil reconhecer as razões da preferencia dos matemáticos pela medicina de Hahnemann, como prova irrefutável do rigor científico de suas leis.
Licinio Cardozo inicia sua clinica em 1900, período áureo da homeopatia, em uma farmácia no Largo do Machado antes de instalar-se no centro da cidade.Nessa época grassava a epidemia de febre amarela e muitos foram salvos pela homeopatia de Licinio Cardoso, fato que determinou a conversão de alguns clínicos à terapêutica de Hahnemann.
Ao ser inaugurada a Policlinica de Botafogo, foi convidado para chefe de uma clínica homeopatica. Mais tarde, foi nomeado chefe de clínica da Sexta enfermaria da Santa Casa de Misericórdia, em substituição a Saturnino de Meirelles.Foi presidente do Instituto Hahnemanniano, fundando a escola de Medicina e Cirurgia e o Hospital Hahnemanniano.
Tendo conhecido o sistema de curar do Dr. Rogers, médico homeopata de Chicago, com o qual manteve uma longa correspondência, achou vantagens no seu método: o tratamento dos doentes pelo próprio sangue dinamizado.Em 1918, Licinio Cardoso depois de fazer experiencias muitas vezes sobre o seu próprio organismo,fez seu, e com êxito esse sistema de tratamento.
“Dyniotherapia autonosica”( dynio= força termo de origem grega) foi publicado em Genebra na tradução francesa de Antoine Nebel Fils. O livro que apareceu na Suiça depois de sua primeira edição esgotada no Brasil, vem precedido de um capítulo onde o notável cientista Ignácio Azevedo do Amaral, expõe a evolução do pensamento matemático de Licínio Cardoso. Comentando seus trabalhos em Ciencias abstratas desde a “Theoria elementar das funções, publicada em 1885 até a “Dyniotherapia autonósica ” em 1923, procurou mostrá-las como “elementos de uma mesma cadeia, testemunhando a unidade filosófica de Licinio Cardoso” Ninguém melhor do que Ignácio Azevedo do Amaral , poderia dizer de Licinio Cardoso:
“O matemático”.

CARDOSO, Leontina Licínio, Gráfica Editora Souza, RJ 1952 Licínio Cardoso-seu pensamento, sua obra, sua vida, Biblioteca do Estado do Rio Grande do Sul.