segunda-feira, 21 de setembro de 2009

HURA BRASILIENSIS


CARACTERÍSTICAS DA HURA BRASILIENSIS

SINÔNIMO: Hura Crepitans
NOME POPULAR: Assacú, arriero, assacuzeiro, massacu.
ORDEM NATURAL: Euphorbiáceas.
HABITAT: Zonas Equatoriais da América do Sul. Floresta Amazônica do Brasil e do Perú.
PREPARAÇÃO: Tintura do suco leitoso da planta.
PATOGENESIA: Realizada por Benoit Mure, em 1842, com quatro experimentadores que tomaram uma gota da diluição 5CH. Foram achados 870 sintomas patogenéticos.Esse estudo foi publicado em "Doctrine de l'Ecole de Rio de Janeiro et Pathogénésie Bresilienne" em 1949, em francês e contém os 870 sintomas dispostos em sucessão cronológica e divididos por experimentador. A tradução ao ingles, se encontra na Enciclopédia de Matéria Médica Pura de Allen. Também se encontra em Clarke, Boeriche e nos principais repertórios.
CARACTERÍSTICAS DA PLANTA: Árvore de uns 40 centímetros de altura. Tronco liso e de cor parda, com espinhas curtas muito características, duras e cônicas. Tem uma flor feminina, de cor vermelho escuro, sem pétalas e com um longo pedículo; e flores masculinas em espigas. O fruto é uma cápsula redonda e achatada de 6-9 cm. de diametro, que quando seca, explode violentamente e joga as sementes a longa distancia. A floração é entre maio e junho, e o fruto se produz entre junho e julho.
A planta produz látex ao serem retirados as flores, folhas ou frutos. A esse suco leitoso, os índios brasileiros chamam "assacú". As sementes e o leite são venenosos para o ser humano.
O látex é muito irritante para as mucosas. Provoca por contato, oftalmia intensa, e na boca, uma forte ardência.
USOS POPULARES: O látex se utilizava para tontear os peixes na pesca.
A infusão das flores masculinas se utilizavam para os furúnculos.
As folhas trituradas com água se aplicam nos reumatismos.
O látex é um poderoso antihelmíntico que precisa ser utilizado com muita cautela.
A semente crua é um purgante drástico e venenoso.A semente assada perde suas propriedades venenosas e pode ser consumida.
Era utilizada no Brasil contra a Lepra, porém seu uso é muito perigoso e de uso duvidoso.
TROPISMO:
PELE
MUCOSAS sobretudo respiratória, digestiva e conjuntival.
COLUNA VERTEBRAL(especialmente lombo sacra) MEDULA ESPINHAL E RAMIFICAÇÕES.
MENTE

NOTAS DE ESTUDO

DIDIER GRANDGEORGE:
Quando há luto pele morte de crianças na família, o sofrimento é terrível é às vezes oculto. O remédio que corresponde então, é Hura brasiliense, um látex brasileiro. Os sintomas físicos do sofrimento se expressam nas extremidades, como ocorre na artrite reumatóide na qual o sangue dos enfermos tem a propriedade de coagular o látex.As pessoas que necessitam Hura brasiliense amam com um "amor elástico" que distancia e aproxima a pessoa amada.Se o elástico rompe, aparece o drama. A morte de uma criança é vivida então como uma ruptura do amor fusional e o sofrimento se traduz a nível de todas as fibras elásticas do corpo, como podem ser as articulações.
Este remédio também é conhecido por ser útil para curar a lepra, uma doença que separa os afetados do grupo e constitui uma escapatória para as pessoas que estão aprisionadas em um amor fusional indestrutível.
Uma vez excluidos da comunidade por sua doença, separam-se dos pais e podem fazer sua vida.O vitiligo é frequentemente um estigma benigno das situações familiares nas quais, depois de um luto pela morte de uma criança, uma pessoa une os envolvidos em um amor fusional; nestes casos também podemos pensar em Hura brasiliensis.

RAJAN SANKARAN
Hura tem características que a situam entre os miasmas sifilítico e tuberculínico.Este é o miasma leproso. É parecido ao tuberculinismo, só que muito pior. A atividade é intensa, rápida e progressiva com grande poder de destruição, há pouca esperança.
Em termos patológicos há tres variedades de lepra: a tuberculóide, que apesar de ser progressiva tem melhor prognóstico que as outras;há esperança.
No outro extremo, está a lepra lepromatosa: progride ràpidamente e é destrutiva (parecida com a sífilis).
O tipo intermediário está entre as duas.
A lepra como a tuberculose está crescendo na Índia, há um sentimento de opressão e uma profunda desesperança com desejos de mudança.
Estudando os sintomas de Hura, vi que se concentram ao redor de um sentimento de abandono, com a ilusão específica de que está próxima a perder a seus amigos e que seus amigos perderam o afeto por ele. Se sente como uma ruína.Tem a sensação de sentir-se desafortunado, já que perdeu  seus amigos e todos começaram a odia-lo.
Tem a rúbrica "desespera de recuperar-se", que significa que para ele é difícil recuperar sua posição original; por isso há tristeza e depressão mental.Se encontra frustrado e pode chegar a ser destrutivo, inclusive chega a autodestruição.
Não cometeu nenhum crime - não se encontra nas rúbricas "ansiedade de consciencia" nem em "ilusão de ser um criminoso". Porém tem a sensação de que ocorreu uma desgraça.
Quando me aprofundo nessa sensação, tenho a forte impressão de que é a lepra.Um leproso é uma pessoa que por uma má jogada do destino, chega a uma posição em que todos seus amigos lhe abandonam, lhe desprezam, perde o afeto dos amigos e isso não pode ser compensado.
Não é a única situação, porém Hura se sente como um leproso, se sente rejeitado e abandonado sem possibilidade de retorno. Este é o tema de Hura.
Hura foi provado e tirados os melhores sintomas precisamente em pessoas que no passado haviam padecido a lepra, e Hura é um conhecido remédio para a lepra.Não quer dizer que Hura tem que ser usada na lepra senão que a lepra deve ter sido uma das situações originais que engendraram  o estado de Hura.Poderiam existir outras situações similares. Por tanto, qualquer pessoa que em sua vida normal tenha essas sensações, ainda que não seja um leproso, necessita Hura.
http://homeopatiaahora.blogspot.com/























































































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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O MITO DE SÍSIFO


Os deuses haviam condenado a Sísifo a erguer sem cessar uma pedra até em cima de uma montanha, de onde a pedra voltava a cair por seu próprio peso. Haviam pensado, com algum fundamento que não há castigo mais terrível que o trabalho inútil e sem esperança.
Se havemos de crer em Homero, Sísifo era o mais sábio e prudente dos mortais. Diferem as opiniões sobre os motivos que o levaram a converter-se no trabalhador inútil dos infernos. Diz-se que revelou os segredos dos deuses. Egina, filha de Asopo, foi raptada por Júpiter.O pai se queixou a Sísifo, o qual conhecendo o rapto, se ofereceu a informar sobre ele a Asopo com a condição de que desse água à cidadela de Corinto. Preferiu a graça da água aos raios celestiais. Por isso lhe castigaram enviando-o ao inferno. Homero também nos conta que Sísifo havia acorrentado a Morte. Plutão não pode suportar o espetáculo de seu império deserto e silencioso.Enviou o deus da guerra que liberou a morte das mãos de seu vencedor.
Diz-se também que Sísifo, quando estava por morrer, quis imprudentemente por a prova o amor de sua esposa. Ordenou-lhe que jogasse seu corpo insepulto em meio da praça pública. Sísifo se encontrou nos infernos e ali, irritado por uma desobediencia tão contrária ao amor humano, obteve de Plutão permissão para voltar a terra para castigar a sua esposa. Porém quando voltou a ver este mundo,e começou a gostar da água e do sol, das pedras cálidas e do mar, não quiz voltar a escuridão infernal. Os chamados, as iras e as advertencias não adiantaram. Viveu muitos anos mais ante a curva do golfo, o mar brilhante e os sorrisos da terra. Foi necessário um decreto dos deuses. Mercúrio desceu a terra e o levou a força aos infernos, onde já estava preparada a sua rocha.
Sísifo é o herói absurdo tanto por suas paixões como por seu tormento. Seu desprezo aos deuses, seu ódio a morte e sua paixão pela vida lhe custaram esse suplício de dedicar-se a não terminar nada.É o preço que tem que pagar pelas paixões desta terra. Com respeito a este mito, o que se ve, é todo o esforço de um corpo tenso para levantar a pedra enorme, faze-la subir uma descida cem vezes recorrida. Ao final de um longo esforço, alcança a meta. Sísifo ve então a pedra descendo em alguns instantes até o mundo inferior desde o qual voltará a ergue-la novamente até o alto, e ela cairá de novo no chão.

Sísifo me interessa durante esse regresso, essa pausa. Ele volta a descer com passo lento até o tormento cujo fim não conhecerá jamais.Esta é a hora da consciência, ele é superior a seu destino. É mais forte que sua rocha.
Se este mito é trágico, o é porque seu protagonista tem consciência. Em que consistiria seu castigo se a cada passo tivesse a esperança de conseguir seu propósito? Sísifo, proletário dos deuses, impotente e rebelde, conhece toda a magnitude de sua miserável condição: nela pensa durante sua descida. A clarividencia que devia constituir seu tormento, consuma ao mesmo tempo sua vitória. Não há destino que não se vença com o desprezo.Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta as rochas.Cada um dos grãos desta pedra, cada fragmento mineral desta montanha cheia de escuridão, forma por si só um mundo.O esforço para chegar no alto basta para encher um coração de homem.
Camus, Albert OBRAS,1- El mito de Sísifo - Alianza Editorial Madrid 1996.