INTRODUÇÃO DA HOMEOPATIA NO BRASIL
"O fogo da propagação acaba de ser ateado entre nós de maneira a não se extinguir jamais, a brisa benéfica do céu terá força bastante para repelir o furacão impetuoso da perseguição, de dia em dia novas forças aumentarão as existentes, e esse fogo divino circulará todo o Império".
Benoit Mure. Inauguração do Instituto Homeopático do Brasil. 1844.
Citações da Tese de Galhardo apresentada no I Congresso de 1926. pg.271-1016.
PERÍODOS DESCRITOS
• 1818 a 1839: Primeiras notícias da Doutrina de Hahnemann no Brasil
• 1840 a 1854: Propaganda sistematizada. Benoit Mure e João Vicente Martins. Escola Homeopathica do Brasil.
• 1855 a 1878: Enfermarias homeopáticas. Mortalidade pelo cholera morbus.
• 1879 a 1911: Instituto Hahnemanniano do Brasil. Consultório homeopático da Santa Casa de Misericórdia.
• 1912: Período Áureo da Homeopathia no Brasil. Faculdade de Medicina Homeopática do Rio de Janeiro.
NOTAS
O conhecimento da Homeopatia no Brasil, data de 1818, ano em que o Dr. Antonio Ferreira França, professor da Escola Médico Cirúrgica da Bahia, manifestando-se contra a nascente doutrina médica, no seio de sua escola.
José Bonifácio de Andrada e Silva foi o primeiro brasileiro que se dedicou ao estudo da homeopatia, correspondendo-se com Hahnemann.
Em 1836 a "Revista de Medicina Fluminense", publicação da Academia Imperial de Medicina, redator Dr. Emílio da Silva Maia, transcreveu artigos sobre a Homeopatia.
Frederico Emilio Jahn, natural de Douane, cantão de Berne – Suíça, estudante de medicina na Universidade de Leipzig, transferiu-se para prosseguir estudos no Rio de Janeiro, diplomando-se em 1936. Apresentou sua tese, de 35 páginas com o título "Exposição da Doutrina Homeopática".
Ainda no ano de 1836 o Dr. Domingos de Azeredo Coutinho de Duque-Estrada iniciou seus conhecimentos sobre a Homeopatia. O Dr. Jahn lhe emprestou os primeiros livros.
Foi então o Dr. Duque-Estrada (1812-1900) o primeiro brasileiro a aplicar a homeopatia no Brasil, embora não lhe cabe o título de introdutor da Homeopatia no Brasil.
Em 1840, chega ao Rio de Janeiro a corveta Orientale, em uma viagem ao redor do mundo. Nessa ocasião João Vicente Martins, cirurgião português, posteriormente o melhor propagandista da Homeopatia, teve oportunidade de estudar praticamente a homeopatia. O Dr. Thomaz, médico do navio, pôs à disposição de João Vicente remédios homeopáticos para que tratasse de alguns doentes.
Neste primeiro período a Homeopatia não despertara o interesse do povo, embora Duque-Estrada e Emílio Germon, tivessem curas notáveis com a Homeopatia.
Em 21 de novembro de 1840, chegou ao Rio de Janeiro, a bordo da barca Francesa Eole, Benoit Jules Mure (Bento Mure), nascido em Lyon – França, no dia 4 de maio de 1809. Realizara uma propaganda da Homeopatia na Europa Meriodinal; fundador do dispensário homeopático de Palermo – Itália; do dispensário La Harpe em Paris; propagador da Homeopatia na Sicília e em Malta. Tudo isto pelo reconhecimento de ter sido curado, pela Homeopatia, pelo Dr. Sebastião des Guidi, discípulo de Hahnemann e introdutor da Homeopatia na França.
Bento Mure veio ao Brasil com a finalidade de fundar uma colônia societária, segundo as idéias socialistas. Era representante da Union Industrielle de Paris. Escolheu o terreno em Santa Catarina.
Nos poucos dias que permaneceu no Rio de Janeiro, antes de partir para Santa Catarina para escolher o terreno para a colônia do Saí, Mure fez propaganda da Homeopatia e visitou doentes pobres na companhia do dr. A. J. Souto Amaral, cirurgião brasileiro.
No dia 10 de dezembro de 1843 Bento Mure e Vicente José Lisboa criaram o Instituto Homeopático do Brasil. "Nós e quem por convite nosso se nos unir constituir-nos-emos em sociedade denominada Instituto Homeopático do Brasil, a fim de propagar a Homeopatia em proveito das classes pobres. Os meios de ensino, as publicações, as experiências e a prática dessa ciência, a preparação dos medicamentos e as experiências no homem são".
Neste mesmo dia foi aberto o primeiro consultório homeopático no Rio de Janeiro, à rua São José 59.
O Instituto foi inaugurado em sessão solene às 11horas da manhã do dia 10 de março de 1844.
"O fogo da propagação acaba de ser ateado entre nós de maneira a não se extinguir jamais, a brisa benéfica do céu terá força bastante para repelir o furacão impetuoso da perseguição, de dia em dia novas forças aumentarão as existentes, e esse fogo divino circulará todo o Império".
Palavras de Benoit Mure.
Saturnino Meirelles. Joaquim Murtinho. João Vicente Martins. Licínio Cardoso.
No dia 13 de abril de 1848 Benoit Mure retorna à Europa a bordo da barca francesa – Girande. Partiu para não mais voltar, deixando vago um cargo que somente 64 anos depois, em 1912, foi integralmente preenchido pelo Dr. Licínio Cardoso, depois dos trabalhos preparatórios de Saturnino Meirelles e Joaquim Murtinho. Entre Mure e Licínio encontra-se João Vicente Martins.
HISTÓRIA POLÍTICO-INSTITUCIONAL DA HOMEOPATIA NO BRASIL (1840-1990)
• LUZ, Madel T. A arte de curar versus a ciência das doenças. Dynamis editora. 1996.
Madel Luz descreve as seguintes etapas:
1 - IMPLANTAÇÃO: 1840-1859
1810: José Bonifácio - correspondência com Hahnemann.
1837: Duque Estrada aprendeu homeopatia com Frederik E. Jahn.
1840: Benoit Mure - Instituto Homeopático do Brasil (1845) RJ.
1859: Instituto Hahnemanniano do Brasil. X Academia Médico Homeopática Fluminense. Duque Estrada.
CAMPOS DE LUTA
1. Produção do saber homeopático nos Institutos.
2. Criação de ambulatórios ou clínicas homeopáticas.
3. Propaganda na imprensa, farmácia e diversas classes sociais.
4. Alianças políticas.
RESPOSTAS INSTITUCIONAIS DA MEDICINA CONTRA A HOMEOPATIA
• Embates verbais agressivos entre os Institutos homeopáticos e a Academia Imperial de Medicina e a Faculdade de Medicina
1. Bloqueio às tentativas de oficialização do ensino da homeopatia.
2. Impedimento da prática da homeopatia.
• A homeopatia, no entanto, alcança sua legitimação embora não sua legalização.
2 - EXPANSÃO E RESISTÊNCIA: 1860-1882
• Aceitação popular da homeopatia e interiorização.
• 1880: Instituto Hahnemanniano do Brasil.
• 1880: International Hahnemannian Association. Nos EUA.
• A estratégia de institucionalização, para os novos dirigentes do IHB, passa pela introdução de cadeiras homeopáticas na Faculdade de Medicina e não pela fundação de uma Escola homeopática.
• Consultórios gratuitos para a população pobre.
• As divergências internas persistem: ortodoxos x ecléticos. Unicistas x pluralistas.
• A influência do Espiritismo (segundo período desta fase).
3 - RESISTÊNCIA: 1882-1900
• 1882: derrota no Congresso da permissão do ensino da homeopatia nas escolas de medicina.
• Fechamento do IHB que só voltará a funcionar em 1900.
• Estatísticas favoráveis nas clínicas homeopáticas.
4 - PERÍODO ÁUREO: 1900-1930
• Grande expansão popular da homeopatia no Brasil, sobretudo nos centros urbanos.
• Oficialização do ensino médico homeopático: duas faculdades de medicina de homeopatia, uma no Rio de janeiro e outra no Rio Grande do Sul. Criação do Hospital Homeopático (ligado ao ensino da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro). Criação de Ligas de Homeopatia em vários estados do país.
• 1926: Primeiro Congresso Brasileiro de Homeopatia. Rio de janeiro.
REAÇÕES DA MEDICINA INSTITUCIONAL
• Oswaldo Cruz, Carlos Chagas Versus Licínio Cardoso, Dias da Cruz e Murtinho Nobre.
FARMÁCIA DO INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL & MEMBROS DO IHB EM 1926
5 - DECLÍNIO ACADÊMICO: 1930-1970
• Paralelamente a um grande silêncio da medicina institucional sobre a homeopatia (e também silêncio dos homeopatas), ocorre um reconhecimento oficial pelos poderes públicos.
• Federação Brasileira de Homeopatia. Dr. Amaro Azevedo. Programa de rádio na década de 30.
• Nos centros espíritas e terreiros de Umbanda é a terapêutica dominante.
• A contribuição dos militares homeopatas.
6 - RETOMADA SOCIAL: 1970-1990
• A homeopatia como terapêutica alternativa em face da crise do modelo médico dominante, tecnológica, mercantilizada e marcada por terapêuticas invasivas e iatrogênicas.
• 1976(?). Influência do Dr. Francisco Xavier Eizayaga. Na Associação Paulista de Homeopatia.
• Influência da Escola Argentina de Tomas Pablo Paschero.
• Curso do prof. Gamarra na Associação Homeopática do Paraná.
• Influência de Alfonso Masi Elizalde na formação dos Homeopatas do Rio de Janeiro e São Paulo.
• Cursos de Formação de Especialistas em Homeopatia: Associação Médica Homeopática do Paraná. IHB. APH. Grupo James Tyler Kent no RJ. GEHSH. Instituto Carlos Chagas. SOHERJ. Santa Casa de Misericórdia.
• 1980: reconhecimento da Homeopatia como Especialidade Médica, no CFM.
• Grupos de Estudos Homeopáticos independentes.
• 1985: Homeopatia na rede pública do INAMPS.
• 1988: XIX Congresso Brasileiro de Homeopatia - Gramado RS.
7 - PERÍODO ATUAL: 1990-2003
• Associação Médica Homeopática Brasileira. AMHB.
• 1989: Assento no Conselho de Especialidades da AMB.
• 1990: Primeira Prova para o Título de Especialista em Homeopatia.convênio: AMHB-AMB-CFM.
• O papel institucional da AMHB, das Comissões e das Federadas.
• Os cursos de preparação para a Prova de Título de Especialista.
• Conselho de Entidades Formadoras da AMHB.
sábado, 2 de março de 2013
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