quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

faculdade de medicina homeopática do Rio Grande do sul


A Faculdade de Medicina Homeopática do Rio Grande do Sul, foi criada em Porto Alegre,em janeiro de 1914,com base na Lei Orgânica de Ensino Rivadávia Corrêa, de 1911, que concedia autonomia didática e administrativa aos estabelecimentos de ensino. Profissionais de diversas áreas estiveram presentes na sua inauguração, no dia 2 de março daquele ano, como membros da Escola de Engenharia, da Escola de Direito e da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, além do representante do presidente do estado, Borges de Medeiros. Sediada na rua Riachuelo, 301, a Faculdade ministraria os cursos de medicina e farmácia, sendo professores: Egídio Itaqui, Diógenes Monteiro Tourinho, Adolfo Stern,Alfredo Ludwig,João Landell de Moura, Sabino Menna Barreto, Jorge Murtinho, Ignacio Capistrano Cardoso, Edison Fagundes Barcelos, Euclydes Goulart Bueno, Padre Roberto Landell de Moura entre outros. Vários deles eram médicos formados pelas faculdades de medicina oficiais, não seguindo uma orientação homeopata. Seus principais fundadores foram Ignácio Capistrano Cardoso, Sabino Menna Barreto, Manoel de Faria Corrêa e Alfredo Ludwig, sendo que nem todos eram homeopatas.
Contando com o apoio do governo do estado, foi eleito diretor-presidente da instituição, Euclydes Goulart Bueno.
No entanto, no mesmo ano da fundação da instituição a partir de um desentendimento que levou Ignácio Cardoso a pedir sua exoneração, o corpo docente se dividiu, provocando a cisão da instituição em duas: Faculdade de Ciencias Médicas e Escola Médico-Cirúrgica de Porto Alegre, nenhuma das duas de orientação homeopática.
(foto de Glaci Loureiro: sede da Escola Médico Cirúrgica de Porto Alegre no ano de 1939 na rua General Portinho 426. Fonte revista Máscara acervo do MUHM)

3 comentários:

  1. Em 09/01/1914, o jornal “A Federação”, órgão oficial do Partido Republicano Riograndense (PRR), divulga a criação de uma nova instituição de ensino médico no RS: A Faculdade de Medicina Homeopática do RS. As mobilizações para instalação da faculdade são descritas passo a passo (20 matérias em 2 meses) em sua seção “Várias”. Era a concretização de um sonho acalentado por muitos anos pelo homeopata licenciado Ignacio Capistrano Cardoso. Com inscrições abertas até o final de fevereiro, esta faculdade, de caráter privado, garantia seis vagas gratuitas à serem preenchidas por indicação de autoridades da cidade, a saber: o presidente do Estado, o intendente municipal e o coronel provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
    Apoiada na Lei Rivadavia Corrêa, que determinava a autonomia didática e equiparava todos os institutos de ensino superior às escolas oficiais, estavam dadas as condições para que a homeopatia se oficializasse enquanto escola médica no Brasil. Garantia-se a liberdade profissional, apanágio do governo positivista local de Borges de Medeiros, em seu terceiro mandato.
    . O dr. Ignacio aglutinou um corpo docente eclético, reunindo um grupo de médicos homeopatas, entre os quais o dr. Jorge Murtinho, o dr. Sabino Menna Barreto, Manoel Faria Corrêa e Alfredo Ludwig. Aderiram à iniciativa o cirurgião militar dr. Euclydes Goulart Bueno, o dr. João Landell de Moura que colou grau na primeira turma da Faculdade de Medicina de Porto Alegre e seu irmão, o cônego e cientista Roberto Landell de Moura, precursor das telecomunicações, que se propôs a fazer preleções sobre psicologia experimental e antropologia. Lecionaria essas cadeiras facultativas no 6º semestre Este eminente cientista que teve seus inventos patenteados nos EUA, circulou por diversos campos do conhecimento e inclusive fundou um Gabinete de Antropologia Experimental ao lado da Igreja do Rosário. O curso, divido em seis semestres contaria com disciplinas de ciências básicas, clínicas, cirúrgicas e homeopáticas propriamente ditas. (a saber: química, física, história natural, anatomia descritiva, histologia, fisiologia, patologia e terapêutica gerais, farmacologia e farmácia prática, anatomia topográfica – com operações e aparelhos, microbiologia, fisiologia e anatomia patológicas, patologia médica, clinicas – propedêutica e médica, clinicas – pediátrica, dermatológica e sifiligráfica, terapêutica homeopática, matéria médica, patologia cirúrgica, clínica cirúrgica, medicina legal e toxicologia, obstetrícia, ginecologia e clinicas respectivas, higiene e magnetismo terapêutico. Um curso farmacêutico de dois semestres também estava projetado.
    Recebidos no Palácio do Governo e na Intendência Municipal, a Congregação obteve total apoio das autoridades locais. Instalada “num dos prédios desocupados no centro da cidade”, à Rua Riachuelo 301, a inauguração realizou-se em 2/3/1914 e contou com altas autoridades civis, militares e educacionais, além da imprensa local. A iniciativa foi um sucesso absoluto: após concurso para admissão foram efetuadas 105 matrículas, incluindo duas mulheres.
    Apesar do apoio político explícito e sucesso de público, a faculdade teve vida curta. Seu principal organizador e custeador, dr. Ignacio, afastou-se voluntariamente quando soube que determinada parte do corpo docente “pretendia dividir” o montante de 16 contos de réis das matrículas e exames de admissão. Havia determinado que a instituição só distribuiria vencimentos após o primeiro ano de instalação. Nenhuma instancia externa, nenhum membro da corporação médica oficial precisou opor-se à iniciativa. Este caso de corrupção enfraqueceu a instituição e dividiu o corpo docente. Em pouco tempo, nenhuma nota de jornal dava conta das atividades da faculdade. Em 1915, as matrículas foram transferidas para a Escola Médico-Cirúrgica recém criada.

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  2. Muito bom colega Ben Hur. O seu comentário veio enriquecer o blog pois você tem pesquisado muito sôbre esse assunto da história da homeopatia gaúcha!

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