INFLUENZINUM H1N1
Amarilys de Toledo Cesar (Farmacêutica Homeopata, Doutora em Saúde Pública)
Influenzinum é uma preparação dinamizada definida como bioterápico. Tanto o MANUAL DE NORMAS TÉCNICAS DA ABFH quanto a FARMACOPÉIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA, seguem a literatura francesa e definem bioterápicos como produtos não quimicamente definidos (secreções, excreções patológicas ou não, certos produtos de origem microbiana, alérgenos) que servem de matéria prima para as preparações bioterápicas de uso homeopático. Nesta obra, o Influenzinum é descrito como obtido a partir de vacina anti-gripal do Instituto Pasteur, sendo classificado como um bioterápico “Codex” (que são aqueles obtidos a partir de soros, vacinas, toxinas ou anatoxinas, inscritos na Farmacopéia Francesa e preparados por laboratórios especializados).
KAYNE, em seus livros Farmácia Homeopática e Prática Homeopática, como outros autores, usa as definições nosódio e sarcódio, para isopáticos preparados a partir de material biológico de origem patológica ou não patológica, respectivamente. Sarcódios são preparados a partir de secreções corpóreas ou material sintético como culturas bacterianas. Tanto nosódios como sarcódios seguem a lei da igualdade, não da semelhança.
Independente da classificação como bioterápico ou como sarcódio, o medicamento Influenzinum é preparado a partir de vacinas anti-gripe, tradicionalmente fornecidas pelo Instituto Pasteur, de Paris.
JULIAN, em seu Tratado sobre Microimunoterapia Dinamizada, afirma que “é interessante notar que o Instituto Pasteur prepara especialmente a mistura de vacinas para uso homeopático.” Para verificar esta afirmativa, entramos em contato por e-mail com a Dra. Sylvie van der Werf, chefe da Unidade de Genética Molecular de Virus Respiratórios, e co-diretora do Centro Colaborador da OMS de Referência e de Pesquisa sobre o vírus da gripe e de outros vírus respiratórios (sylvie.van-der-werf@pasteur.fr). Sua resposta foi a seguinte:
“The Pasteur Institute is a research foundation and does not prepare any product to be commercialized. I am sorry to say that I do not have any information about this product which is not recognized in the scientific community as being part of the products with proven efficacy against influenza”.
Ou seja:
“O Instituto Pasteur é uma fundação de pesquisa e não prepara qualquer produto para ser comercializado. Lamento dizer que não tenho qualquer informação sobre este produto, que não é reconhecido na comunidade científica como parte dos produtos com eficácia provada contra a influenza”.
Hoje há diversos outros fabricantes de vacinas. Provavelmente houve um mal entendido sobre o que JULIAN escreveu, e na verdade, a homeopatia usa produtos, seja do Instituto Pasteur, seja de outros fabricantes, para fazer as preparações específicas da homeopatia.
KAYNE afirma que nosódios e sarcódios são dados profilaticamente ou como tratamento, com o objetivo de estimular a resposta imune, ainda que Dr. Anita Davies tenha mostrado não haver aumento de anticorpos após administração oral de nosódio do vírus da influenza. Mesmo assim, parece haver evidências consideráveis de que preparações contendo Influenzinum e Bacillinum imunizam contra a influenza, em alguns pacientes.
KAYNE continua afirmando que é importante notar que “nenhum deste é uma vacina verdadeira no sentido alopático, e de que não há evidência científica se podem ou não conferir qualquer proteção contra a doença, quando aplicados profilaticamente”.Mas Influenzinum tem sido usado tanto profilaticamente quanto no tratamento da doença.
JULIAN menciona o preparo de novos Influenzinuns, a cada ano, de acordo com a epidemiologia da influenza. Conta que Pierre Schmidt preparou o nosódio de Influenza espanhola, assim como outros autores também usaram Influenzinum, como Beeby, Nebel e Demageat. Cartier teria dito que Nebel considerava Influenzinum como preventivo e curativo. Clarke teria atribuído a ele uma possível ação abortiva. Wheeler teria tido sucesso com a trigésima potência. Não há experimentação patogenética hahnemanniana, ainda que mencione sintomas de gripe, obtidos por patogenesia clínica, como mal estar geral, com calafrio, dor de cabeça, dores difusas. Rigidez geral. Hipertermia 39-40oC. Astenia e anorexia. Dor de cabeça com olhos pesados, sensível ao movimento. Faringite, laringite. Hipotensão. Voz anasalada. Bronquite, bronco-pneumonia, asma brônquica. Catarro, coriza, sinusite. Tosse seca dolorosa. Conjuntivite. Otite. Dores reumáticas por tempo úmido e frio.
JULIAN indica para influenza, e como um bom francês, indica o uso de potências baixas, entre 4 e 9CH.
A médica homeopata e sanitarista Celia BAROLLO, com Sonia Regina Rocha MIURA, produziram o texto Informe Técnico sobre as Vacinas contra Gripe Influenza H1N1 e seus correspondentes Bioterápicos, publicado na semana passada e disponibilizado para a comunidade homeopática no site do CESAHO (Centro de Estudos Avançados em Homeopatia). Veja em
http://www.cesaho.com.br/biblioteca_virtual/arquivos/arquivo_399_cesaho.pdf
Diversas solicitações foram feitas a nosso laboratório para que disponibilizássemos matrizes de Influenzinum, preparado a partir da vacina da influenza H1H1, de maneira que qualquer farmácia brasileira pudesse manipular prescrições.
Só recentemente obtivemos as vacinas sem adjuvante e com adjuvante, que foram prontamente dinamizadas. Considerando o uso do Influenzinum para os que foram vacinados com a vacina oficial, e que nem todos saberiam qual a das vacinas foi aplicada, resolvemos fazer também um composto, utilizando as duas vacinas, com e sem adjuvante.
Estas matrizes estão disponíveis a partir da potência 11CH, a valores normais. Sabemos que têm sido mais solicitadas em potências 30CH e 200FC por clínicos homeopatas. Mais informações tel. 11-2979-9868.
Referências bibligráficas:
DAVIES, A., apud KAYNE, S. Clinical investigations into the action of potencies. British Homeopathic Journal 60: 36-41, 1971
FARMACOPÉIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA, 2a. edição, 199
JULIAN, O.A. Treatise on Dynamised Micro Immunotherapy. B.Jain, 1985.
KAYNE, Steven B. Homoepathic Pharmacy, an Introduction and Handbook. Churchill Livingstone, 1997.
KAYNE, Steven B. Homeopathic Practice. Pharmaceutical Press, 2008.
MANUAL DE NORMAS TÉCNICAS da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas, 4ª.