HOMEOPATIA - OS PRIMEIROS
HOMEOPATAS DO RIO GRANDE DO SUL
O primeiro homeopata a atuar no Rio Grande do
Sul em 1847, foi o Dr. Dionísio Silveiro, formado em Portugal, que
"humanizou a medicina da época, utilizando-se do "moderno princípio
do estímulo às resistências individuais. Posteriormente, Caldre Fião,
Bernardino Bitencourt, Barcelos Filho, Policarpo Araponga, Padre João Pedro
Gay. Com dedicação de sacerdotes, confirmaram no seio da população o elevado
conceito que conquistara o Dr. Dionísio Silveiro, notadamente na terrivel
epidemia de cólera que ameaçou dizimar a população desta capital. Além destes,
também praticaram com destaque a homeopatia em solo gaúcho, Gonçalves Gomide,
Teodoro Henrique Schnapp, Van der Laan, Teófilo Varela, Artur Candall Jr., Agostinho
Campos, Lourenço Cabelo, Jerônimo Teixeira Braga, Pelopidas Araújo. O primeiro
Laboratório Homeopático de Porto Alegre foi criado por Luiz Afonso de Azambuja
que tinha uma farmácia alopata e também abriu consultório. No interior, a
deficiencia de profissionais levou a improvisação de médicos não formados:
"homens inteligentes, estudiosos e sinceros, praticaram, exercendo a
caridade, e terminaram conseguindo alvarás de licença, para o exercício da
medicina". Caso de Inácio Guasque (Jaguarão, 1890) e José Alvares de Souza
Soares ( Laboratório Homeopático de Pelotas). Além destes também eram
"licenciados": Ferdinando Martino,José Luiz Guasque, Manoel Cebalos,
G. Burgen, Antonio José Oliveira, Manoel Amaro Jr. e Inácio Capistrano Cardoso,
este irmão do Dr. Licinio Cardoso.
*Barreto, Sabino Menna. "Resumo histórico
da homeopatia no Rio Grande do Sul",pp. 15-29
HOMEOPATIA - IGNÁCIO
CAPISTRANO CARDOSO
Ignácio Capistrano Cardoso, médico licenciado
de orientação homeopata, destacou-se a partir de 1900 como um dos principais
propagadores da homeopatia no Estado do Rio Grande do Sul. Naquela época,
incentivou junto aos poderes públicos do Estado e da União, a criação de
enfermarias homeopáticas nos hospitais militares. Entre 1903 e 1912, foi
redator, diretor e proprietário da Revista de Medicina Homeopática, publicada em
Porto Alegre.
Neste período, em 1904, abriu a Pharmácia Homeopática Cardoso. Foi ainda membro de sociedades homeopáticas de Barcelona, México e
Filadélfia, de 1908 a
1910. Ignácio era irmão de Licínio Athanásio Cardoso (veja biográfia em outro
tópico) e Saturnino Nicolau Cardoso que também se dedicaram à homeopatia.
SOUZA SOARES,
José Álvares de (Visconde de Souza Soares).
Vairão,
Portugal, 24 fev. 1846 – Pelotas, RS. Diplomado em Medicina. Médico
e industrialista, Pelotas. Diretor do Almanaque da Família,
Pelotas, desde sua fundação, em 1891.
Souza Soares
foi o fundador da Farmácia Homeopática Rio-Grandense, a primeira farmácia da
cidade de Pelotas, no ano de 1874, que ficou conhecida por fabricar o Peitoral
de Cambará, a partir da planta brasileira de mesmo nome, e que foi sucesso no
tratamento das bronquites.
Ele
inaugurou, em 1883, o parque Pelotense, mais tarde chamado Parque Souza Soares,
onde funcionou mais tarde o Laboratório.
BIBLIOGRAFIA: Auxílio
Homeopático ou o Médico em Casa, Pelotas (5 edições, a última de
Pelotas, 1905). Presente de Ouro, informações úteis,
conselhos e descrições. O Novo Médico. Novo Guia Homeopático.
FAGUNDES,
Édison Barcellos.
Bragança, SP, 24 maio 1893.
F.: Albino Fagundes e Corina Barcellos Fagundes. Est. no
Ginásio Polotense, Pelotas, a partir de 1903. Médico homeopata por muitos anos em Pelotas. Médico
chefe do Posto de Higiene do DES em Getúlio Vargas, RS, 1943. Membro da Soc. de Med.
Hahnemaniana do RS.
BIBLIOGRAFIA: Homeopatia,
tese de doutoramento, P. Alegre, 1914.Comprimidos, humorismo, Echenique e cia., Pelotas, 1925.
BITTENCOURT,
José Bernardino da Cunha.
Porto Alegre, RS, 3 jan. 1827 – Porto Alegre, 25 nov. 1901. F.: Manoel da Cunha
Bittencourt e Maria Bernardina dos Santos Bittencourt. Diplomado em Med. Homeopática
pela Fac. de Med. do Rio de Janeiro em 1849. Revisor do Correio Mercantil, Rio
de Janeiro, 1846. Médico do Hospital da Marinha, id. Deputado à Assembléia
Provincial do RS, 1852-1867. Deputado à Assembléia Geral do Império, 1869-1872
e 1878. Médico da Beneficência Portuguesa, P. Alegre. Pertenceu ao Partido
Conservador. Cavaleiro da Ordem da Rosa. Foi da Soc. do Teatrinho, P. Alegre,
como amador teatral que era àquela época. Deve-se-lhe a criação da Escola
Normal em P.
Alegre.
BIBLIOGRAFIA: Algumas Considerações sobre o Clima e suas
Influências sobre os Operados, tese de doutoramento, Rio de
Janeiro, Tip. do Arquivo Médico, 1849. Discursos Pronunciados na Assembléia
Provincial nas Sessões de 6 e 27 dez. 1866, P. Alegre, 1867.
IGNÁCIO GUASQUE -
Filho do jornalista espanhol José Eduardo
Cipriano Berlinguero Guasque e Maria de La Cabeza Josefa Juana
Terron y Hidalgo de Guasque, nascido no Rio de Janeiro em 1835, casou com a
bageense Anna Luiza Romeiro Barcellos Guasque, em 8/12/1864, na Catedral de São
Sebastião, em Bagé.
Morreu em Castro, no Paraná, em 5/02/1912.
Sua formação provavelmente, como atestam
alguns documentos, foi na Escola de Homeopatia, no Rio de Janeiro. Clinicou em
Jaguarão em 1890, mesmo ano que escreve e publica, em Pelotas, o livro "
Medicina Homeopathica". Logo após se muda com a maioria dos familiares
para o Paraná.
De 1906 a 1907 publicou artigos na Revista
Homeopathica do Paraná ( foi citado na Tese de Doutorado da Prof. Renata
Palandri ), mas não estava mais clinicando, era fazendeiro na época.
A Tese de doutorado da Dra.Renata
Palandri Sigolo intitulada "Em busca da Sciencia Médica a medicina homeopática no
início do século XX"pode ser acessada no site:
http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/8361/1/Renata[1][1].pdf
Referência: Informação enviada pelo
médico nefrologista Gerson Luis Barreto de Oliveira, tataraneto de Ignácio
Guasque e bisneto de seu filho José Luiz Guasque que foi homeopata em Bagé RS.
JOSE LUIZ GUASQUE
Filho mais velho
do homeopata Ignácio Guasque e de sua esposa Anna Luiza, nasceu
em 1/11/1865, em Bagé e casou com Aniceta Correa, em Cerro Chato, Depto. de
Rivera - Uruguai, em 5/02/1890, na época era guarda-livros nesta localidade.
Em 1907 temos registro que era Médico
Licenciado, só podia exercer esta função aqui no Rio Grande do Sul, esta
licença era fornecida pelo Governo do Estado. Neste ano funda a Farmácia
Homeopatica Humanitária, sabemos
pelos registros que em 1910 ele seguia com a farmácia e era catalogado como
médico hahnemanniano ( seguia os ensimamentos do médico alemão, Hannehmann ).
Sabemos que participou ativamente na Revolução
de 30, junto com os irmãos, numa atividade pró-Getúlio.
Teve 17 filhos com a esposa.
Faleceu em Bagé em 13 de fevereiro de 1937.
Referencia: Informação enviada pelo médico
nefrologista Gerson Luis Barreto de Oliveira,
tataraneto de Ignácio Guasque e bisneto de José Luiz Guasque.
O Cônego João
Pedro Gay nasceu
na cidade de Grenoble, na França em 20 de novembro de 1815.Terminou o curso de
Ciências Eclesiásticas no Seminário de Gap e foi ordenado presbítero em julho
de 1840, na diocese de Gap e depois foi nomeado Vigário.Obteve licença para vir
ao Brasil, e no Rio de Janeiro, exerceu suas funções sacerdotais, o magistério
particular e dedicou-se ao estudo da medicina no Instituto Homeopático do
Brasil, que lhe conferiu a “faculdade de exercer livremente a medicina de
Hahnemann no país.”Seguiu para o Rio Grande do Sul e a 24 de fevereiro de 1850
foi empossado em São Borja,
como vigário.Aproveitando seus conhecimentos de medicina e visando benefícios
para a população pobre de sua paróquia, solicitou e obteve permissão do governo
provincial para a abertura “ de um laboratório homeopático”.No decênio de 1850
conviveu em São Borja,
com o sábio botânico francês Aimé Bompland que aí há muito, havia fixado
residência.Aimé Bompland era formado em medicina e na velha cidade missioneira
abrira uma farmácia e clinicava.Em 1862 apresentou o Cônego Gay ao Instituto
Histórico Geográfico Brasileiro a “História da República Jesuítica do
Paraguai”, que lhe valeu a eleição para sócio dessa benemérita instituição
cultural.Foi testemunha da invasão paraguaia de 1865. É, pois, de alto valor o
seu depoimento relato fiel e minucioso dos acontecimentos da dita invasão.
Permaneceu em São Borja,
durante 24 anos, indo depois para Uruguaiana, onde veio a falecer em 10 de maio
de 1891.
Deixou o Cônego Gay os seguintes estudos, além de grande número de artigos em
jornais e mais de duzentos sermões:
* Itinerário resumido da viagem que acaba de fazer embarcado no
rio Uruguai, desde a foz que nele faz o rio Passo Fundo até o Passo de São
Borja, o sr. Joaquim Antônio de Morais Dutra, navegando 150 léguas no mesmo
Uruguai, navegação em metade desconhecida até agora. Publicado na Revista do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, tomo 21.
* Tratado
de Teologia Moral.Os originais foram entregues em 1862, ao bispo do
Rio de Janeiro, Conde de Irajá.
* História da República Jesuítica do Paraguai, desde o
descobrimento do Rio da Prata até nossos dias, ano de 1861. Essa obra foi entregue pelo autor, em
1862 ao IHGB e publicada também na Revista do IHGB .tomo 26. Foi feita uma
seperata.Em 1942 foi feita por ordem do Dr. Getúlio Vargas a Segunda edição
portuguesa pelo historiador Dr. Rodolfo Garcia diretor da Biblioteca Nacional.
*Invasão
Paraguaia na Fronteira Brasileira do Uruguai, desde seu princípio até o fim (de
10 de junho a 18 de setembro de 1865).Publicada primeiramente no Jornal do
Comercio do Rio de Janeiro e depois pela Tipografia Imperial Constitucional, de
J. Villeneuve & Cia. , 1867 Rio de Janeiro.
*Nouvelle Grammaire de la Langue Guarany et
Tupy. Manuscrito original de 155págs.
*Manuel de conversation en
français, portugais, espagnol et guarany. Manuscrito Original, 200
págs.
*Notice
sur les derniers annés de la vie du naturaliste Mr. Aimé Bompland, sur as mort,
et son heritage scientifique. Rio de
Janeiro, 1861.
* Compêndio de História Natural.
(Cit. De Sacramento Blacke.)
* Petit
Vocabulaire de la langue des Bougres Couronnés ( Manuscrito original no IHGB)Além dos
trabalhos citados, tinha o vigário de São Borja outros em conclusão que o
vandalismo dos invasores inutilizou juntamente com a sua preciosa biblioteca,
uma coleção de pedras e produtos esquisitos da natureza, alguns dos quais
estiveram na Exposição Nacional do Rio de Janeiro em 1861 e um pequeno herbário
de plantas das Missões que o vigário vinha formando desde 1862.
Referência:GAY,
Conego João Pedro, Invasão Paraguaia 1980 Instituto Estadual do Livro UCS.
Biblioteca do
Estado do Rio Grande do Sul.
LICINIO ATANAZIO CARDOZO -- “ O MATEMATICO “
Na pequena vila de Lavras , Rio Grande do Sul
hoje municipio de Lavras do Sul em 02 de maio de 1852, nasceu Licinio Atanazio
Cardozo, no mesmo dia em que nasceu Santo Atanazio em Alexandria.
Filho de Vicente Xavier Cardoso, homeopata
prático que ficando viúvo, foi servir na Guerra do Paraguai, vivia , Licínio
Cardoso com os outros cinco irmãos, na casa de uma tia.De origem humilde,
exerceu vários ofícios tendo inclusive ajudado a construir a Igreja de Lavras. De
inteligencia privilegiada, seu sonho era ampliar os seus horizontes.
Convidado por um naturalista que fora conhecer
a região de Lavras atraido pelas riqueza auríferas das quais muito se falava, e
após ter o consentimento de seu avô que reconhecia sua inteligencia e sabia de
seu sonho de buscar instrução em um centro maior, partiu,viajando dias e dias a
cavalo rumo ao Rio de Janeiro.Lá chegando, foi abandonado pelo naturalista seu
protetor, mas, graças às cartas que lhe dera o Barão do Cerro Formoso para pessoas
influentes do Império, consegue a matricula almejada na Escola Militar. Sem
vocação para a carreira das armas, sabia que encontraria no programa da Escola
Militar o que exigiam seus pendores para as matemáticas.Em 1874, conclui o
curso preparatório da Escola Militar; Em 1878, termina o curso do Estado Maior,
promovido à segundo Tenente e classificado no primeiro batalhão de artilharia;
Em 1879, conclui o curso de engenharia militar;Em fevereiro de 1885 foi
promovido a Capitão e em 1886 nomeado para coordenar o ensino do curso
preparatório.
Em 1876 criou-se a Sociedade Positivista do
Brasil, sendo Benjamim Constant, um de seus sócios fundadores.
Na Escola Militar, encontrou Benjamin, o
melhor de seus discipulos, em Licinio Cardoso.
Voltado inteiramente para as Ciencias positivas, Licinio
Cardoso estudou, assimilou, meditou e reverenciou Augusto Comte. Em Ciencias
matemáticas, aproximou-se Licinio Cardoso de Leibnitz, o descobridor do cálculo
infinitesimal...Da obra de Augusto Comte, Licinio Cardoso aceitava”o que lhe
parecia conforme com a doutrina que assimilara através do conjunto da obra do
mestre...”Essa independencia de espirito em relação ao filósofo, manifestou-se
em um de seus primeiros trabalhos “A Classificação de Ciencias”. Ocuparam-se em
classificar as ciencias, Aristóteles, Bacon, Ampère, Descartes, Augusto Comte,
Herbert Spencer e outros mais. Entre nós, apareceu a çlassificaçãode Licinio
Cardoso, precedendo trabalhos no mesmo sentido, realizados sucessivamente por
Nerval de Gouvea, Farias Brito, Liberato Bittencourt, Sylvio Romero Jonathas
Serrano e Tristão de Athayde.
De Licinio Cardoso, a classificação data de
1879, publicada na revista da “ Sociedade Phenix Literária.”Fica assim
constituida a escala hierárquica das ciencias fundamentais:
Matemática abstrata- Analise
Matemática concreta- Geometria
Mecanica
Fisica
Quimica
Biologia
Frenologia
Sociologia
Antroponomia ( conhecimento das leis
particulares que presidem ao exercicio das funções do corpo humano)
Matemático, Licinio Cardoso considerou as
dimensões do espaço : “ uma realização parcial de infinitas possibilidades”(
Preito a Samuel Hahnemann p.35)
Trabalhos publicados como Matemático
(Professor da Escola Militar e da Escola Politecnica)
“ Um caso da Igualdade dos Triangulos” revista
da Academia da Escola Militar 1885
“Teoria Elementar do Máximo e do
Mínimo”Revista Academica da Escola Militar 1885
“Teoria Elementar das Funções” 1885
“Teoria da rotação dos corpos” 1887
“A verdadeira estatica na mecanica”Revista da
Escokla Politecnica do RJ 1897
“Equações diferenciais da mecanica” revista
dos cursos da Escola Politecnica do RJ 1909
“Condição Geral da existencia da função de
forças” revista da Sociedade Brasileira de Ciencias do RJ- 1920
( foto: Einstein na Escola Politécnica do
RJ-1925)
“Relatividade Imaginária” – O Jornal – 16 maio
1925 (Artigo polêmico publicado após a visita que Einstein fez ao Brasil nesse
ano de 1925. O artigo traz o seguinte comentário sobre o livro de Einstein “La
théorie de la relativité restreinte et generalisée”. “A cada página, pode-se
dizer,da obra, eu encontrava proposições análogas: umas confundindo o objetivo
com o subjetivo, outras afirmando coisas de impossível realização, outras
estabelecendo conceitos elementaríssimos e velhos como se fossem novos(...)
Demonstrei que o professor Einstein,confundindo os pontos de vists abstrato e
concreto, toma por objetivo o que é subjetivo e vice-versa e não distingue
entre ciência abstrata e relações particulares das existencias concretas.”(in:
Moreira e Videira,p.131)
O Médico Homeopata – Aos 43 anos de idade,
matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. “A concepção da
Medicina” foi a sua tese de doutorado que foi aprovada com distinção. No dia 23
de janeiro de 1900, tornou-se doutor em medicina. O jornal Gazeta de Noticias publicou:
“É o sexto matemático que se apresenta sustentando a medicina homeopata; o
primeiro foi o Conselheiro Meirelles, o segundo o falecido Dr. Pedro Bandeira
de Gouvea; o terceiro o Dr. Joaquim Murtinho; o quarto o Dr. Faria Junior; o
quinto o Dr. Nerval de Gouvea e finalmente o sexto o Dr. Licinio Cardoso.
Matemáticos que se fizeram médicos, atraídos pela ciencia das doses
infinitesimais.” Pouco tempo depois, Saturnino Cardoso, oficial do exército,
fazia-se também médico homeopata.” Com o espírito afeito aos métodos indutivo e
dedutivo, tendem esses cientistas para a medicina que se baseia na observação,
comparação e experimentação, para essa terapêutica que, em sua concepção
unitária da moléstia, é complexa e abstrata.”
“Ninguém terá dúvidas-disse Licinio Cardoso
num de seus trabalhos sobre a ciencia do filósofo de Meissen, em reconhecer as
qualidades de permanencia que revestem os caracteres da medicina hahnemanianna,
que é instituida sobre as leis naturais pertencentes a esse tipo no qual as
fórmulas subjetivas traduzem a realidade absoluta. As leis de Kepler, de
Galileu, de Huyghens, de Newton, que servem de base à mecanica e que são casos
particulares das leis universais da persistencia, da coexistencia e da
equivalência, sòmente por Augusto Comte formuladas, são as mesmas que edificam,
no domínio biológico, os fundamentos da nossa terapêutica” (Jose Emidio
Galhardo- Iniciação homeopática p.157)
Nestas citações, onde estão enunciadas as
bases da terapeutica homeopata, é fácil reconhecer as razões da preferencia dos
matemáticos pela medicina de Hahnemann, como prova irrefutável do rigor
científico de suas leis.
Licinio Cardozo inicia sua clinica em 1900,
período áureo da homeopatia, em uma farmácia no Largo do Machado antes de
instalar-se no centro da cidade.Nessa época grassava a epidemia de febre
amarela e muitos foram salvos pela homeopatia de Licinio Cardoso, fato que
determinou a conversão de alguns clínicos à terapêutica de Hahnemann.
Ao ser inaugurada a Policlinica de Botafogo,
foi convidado para chefe de uma clínica homeopatica. Mais tarde, foi nomeado
chefe de clínica da Sexta enfermaria da Santa Casa de Misericórdia, em
substituição a Saturnino de Meirelles.Foi presidente do Instituto
Hahnemanniano, fundando a escola de Medicina e Cirurgia e o Hospital
Hahnemanniano.
Tendo conhecido o sistema de curar do Dr.
Rogers, médico homeopata de Chicago, com o qual manteve uma longa
correspondência, achou vantagens no seu método: o tratamento dos doentes pelo
próprio sangue dinamizado.Em 1918, Licinio Cardoso depois de fazer experiencias
muitas vezes sobre o seu próprio organismo,fez seu, e com êxito esse sistema de
tratamento.
“Dyniotherapia autonosica”( dynio= força termo
de origem grega) foi publicado em Genebra na tradução francesa de Antoine Nebel
Fils. O livro que apareceu na Suiça depois de sua primeira edição esgotada no
Brasil, vem precedido de um capítulo onde o notável cientista Ignácio Azevedo
do Amaral, expõe a evolução do pensamento matemático de Licínio Cardoso.
Comentando seus trabalhos em Ciencias abstratas desde a “Theoria elementar das
funções, publicada em 1885 até a “Dyniotherapia autonósica ” em 1923, procurou
mostrá-las como “elementos de uma mesma cadeia, testemunhando a unidade
filosófica de Licinio Cardoso” Ninguém melhor do que Ignácio Azevedo do Amaral
, poderia dizer de Licinio Cardoso:
“O matemático”.
CARDOSO, Leontina Licínio, Gráfica Editora
Souza, RJ 1952 Licínio Cardoso-seu pensamento, sua obra, sua vida, Biblioteca
do Estado do Rio G